terça-feira, 1 de dezembro de 2009

DÉCIMA SEGUNDA OFICINA.



À noite do dia 23/10/09, retornamos para mais um encontro do gestar II. Iniciei o encontro com o vídeo “Aquarela do Brasil”. A partir do vídeo as cursistas retomaram os conceitos dos gêneros e tipos textuais e aproveitei para introduzir o debate sobre intertextualidade. E assim, retomamos as leituras que as cursistas fizeram sobre o texto e a intertextualidade.


Todas as nossas interações se processam por meio de textos. Texto é toda e qualquer unidade de informação, no contexto da enunciação. Nesse sentido, os textos aparecem nas mais diversas linguagens, classificando-se em verbais e não-verbais. O texto independe de extensão. O texto verbal pode apresentar-se na linguagem oral ou na linguagem escrita. Leitura é o processo de atribuição de significado a qualquer texto, em qualquer linguagem. O ensino-aprendizagem de qualquer língua deve dar-se com o uso de textos, porque é por meio deles que pensamos e interagimos.


O texto deve ser o centro de todas as atividades que envolvem o ouvir, o falar, o ler e o escrever. Da mesma forma, a análise lingüística só pode ser significativa para os alunos, se apoiada em textos que contextualizam cada uso do vocabulário e da morfossintaxe. Será que está bem claro que é o texto que nos faz pensar, divertir, que, enfim, enriquece nossas experiências e nos coloca no centro da vida?


Imagine a seguinte situação: A - Dois bancos abriram uma linha de crédito à qual você se candidatou. Um mês depois, houve um comunicado no jornal de um dos bancos avisando aos candidatos que o crédito tinha sido suspenso. O outro lhe enviou uma carta comunicando a suspensão temporária e pedindo desculpas pela mudança ocorrida.Qual foi sua reação, quer dizer, sua leitura do comportamento do banco, num caso e noutro? O procedimento usado por eles alteraria sua relação com os bancos?
B – Você é mulher e recebe em casa, no seu aniversário, dois arranjos de flores, com cartões. Um está escrito a máquina, o outro está manuscrito e cheio de desenhos (simplesinhos, “sem arte” ). Como você reage aos dois cartões?
No caso dos bancos, se você é cliente milionário(a), o do aviso no jornal pode ter perdido uma conta alta. No caso dos buquês de flores, se você oscilava entre dois amores, o bilhete pode definir a escolha do namorado, ou marido. Isso não é, definitivamente, irrelevante… Isso significa que o locutor, mesmo sem querer, dá indicações de como pretende que seu texto seja lido. Em outras palavras, o locutor sempre tenta estabelecer com seu interlocutor um “pacto de leitura”: de antemão, dá informações do que se pode esperar do texto. O interlocutor, também com maior ou menor clareza, percebe essas “dicas” passadas pelo texto. E o lê ou não, ou o lê de determinado modo, de acordo com seu interesse.

Antes de comentarmos especificamente sobre intertextualidade assistimos o vídeo “O caderno”.
A intertextualidade é a presença, subjacente ao nosso texto, de outras vozes e outros textos, com os quais dialogamos o tempo todo, mesmo sem ter consciência disso. Apesar de ser enfocada sobretudo nas artes e ser um estudo relativamente recente, a intertextualidade sempre esteve presente em todas as interações humanas.

Os processos intertextuais são muito variados e nem sempre fáceis de classificar.
No entanto, pela freqüência e algumas características mais constantes, podemos enumerar como formas mais visíveis de intertextualidade: a paráfrase, a paródia, O pastiche, a citação, a epígrafe, a alusão e a referência.

A originalidade dos processos intertextuais deve-se muito ao ponto de vista , questão das mais importantes em qualquer forma de interação. O ponto de vista é o lugar ou o ângulo de onde cada interlocutor participa do processo de interação. Ele não revela simplesmente as posições do locutor: pode ser usado para criar posições e emoções no interlocutor. Daí a importância de sua análise, quando estamos interpretando e avaliando as situações de comunicação. O trabalho com esses dois assuntos é fundamental, no sentido de tornar nossos olhos e ouvidos mais sensíveis e mais críticos com relação à própria vida.

Depois dividi o grupo e cada qual ficou responsável em estudar e apresentar ao grande grupo os processos intertextuais que envolvem o texto inteiro:
a) paráfrase: acompanha de perto o texto original, como ocorre nos resumos, adaptações e traduções;
b) paródia: inverte ou modifica a narrativa, sua lógica, sua idéia central. Em geral, é crítica;
c) pastiche: procura aproveitar a estrutura, o clima, determinados recursos de uma obra.
2 – Os processos intertextuais pontuais, que retomam um ou alguns elementos do texto:
a)citação: consiste em apresentar um trecho, um dado da obra. O segundo texto procura deixar claro o texto original. No caso do texto verbal, o autor do original é indicado;
b) epígrafe: tem as mesmas características da citação, mas tem localização fixa: aparece sempre como abertura do segundo texto;
c) referência: é a lembrança de passagem ou personagem de outro texto;
d) alusão: é o aproveitamente de um dado de um texto, sem indicações ou explicitações.
Em seguida fizemos mais uma atividade do AAA1- versão professor.

UMA SEMANA E VÁRIOS PONTOS DE VISTA
O texto a seguir faz parte da propaganda da revista Época, e foi criado pela agência
W/Brasil.O publicitário imagina o ponto de vista que vários seres teriam sobre o significadode uma semana.

Para um preso, menos 7 dias
Para um doente, mais 7 dias
Para os felizes, 7 motivos
Para os tristes, 7 remédios
Para os ricos, 7 jantares
Para os pobres, 7 fomes
Para a esperança, 7 novas manhãs
Para a insônia, 7 longas noites
Para os sozinhos, 7 chances
Para os ausentes, 7 culpas
Para um cachorro, 49 dias
Para uma mosca, 7 gerações
Para os empresários, 25% do mês
Para os economistas, 0,019 do ano
Para o pessimista, 7 riscos
Para o otimista, 7 oportunidades
Para a Terra, 7 voltas
Para o pescador, 7 partidas
Para cumprir o prazo, pouco
Para criar o mundo, o suficiente
Para uma gripe, a cura
Para uma rosa, a morte
Para a História, nada
Para a Época, tudo.


- Por que, para o preso, uma semana significaria menos 7 dias?
- E para o doente, por que mais 7 dias?
- Para os sozinhos, haveria 7 chances de quê?
- Que culpa sentiriam os ausentes?
- Por que, para um cachorro, 7 dias se tornariam 49 dias?
- Por que os empresários teriam um ponto de vista matemático?
- Que conta foi feita para ser possível dizer que 1 semana seria 0,019 do ano para os economistas?
- Por que se afirma que 1 semana foi suficiente para criar o mundo?
- Por que, para uma gripe, 1 semana significa a cura e, para uma rosa, a morte?
- Por que 1 semana não significa nada para a História?
Qual é o seu ponto de vista?
E para você, o que significa uma semana? Pense no assunto e escreva esse texto. Você pode apresentar um só ponto de vista, ou vários, em forma de lista.

CURIOSIDADE: O texto afirma que, para uma mosca, são sete gerações porque determinadas espécies desse inseto nascem, tornam-se adultas, reproduzem-se e morrem em apenas um dia. Em uma semana, nascem 7 gerações.

Novamente encaminhei os relatos dos avançando na prática – unidades 3 e 4 do TP1 . Após encaminhei a atividade parte III, p. 172 sobre o texto: “a língua” ( Elaborar uma proposta de leitura e de produção textual). Ao término do trabalho, as cursistas socializaram, fiz os encaminhamentos para o próximo encontro, a avaliação do encontro e assistimos o vídeo “Tudo passa” como mensagem final.




quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Décima primeira oficina

Secretária da Educação de Humaitá, senhora Marli Sandri, coordenadoras pedagógicas professora Marisa e professora Teresinha (popular Tere), professores cursistas de Português e Matemática de Humaitá, Sede Nova e Campo Novo juntamente com as professoras formadoras -Daiana e Adriane- realizando a dinâmica de boas vindas.

























No dia 23 de outubro de 2009, pela parte da tarde, os professores de Língua Portuguesa e Matemática, tiveram mais um encontro do Gestar II. Num primeiro momento o encontro aconteceu com as duas áreas. Após as boas vindas, cada professor recebeu uma palavra para falar sobre ela (superação, expectativa, trabalho em equipe, aprendizado, autonomia, disciplina, harmonia, motivação, criatividade, persistência, confiança, determinação, liderança), e em seguida compartilhá-la com um colega. Depois reunir-se com outra dupla para relacionar o sentido da palavra com o Programa do Gestar II. Continuando, assistimos o vídeo (que minha querida amiga Fabi levou a Porto Alegre) como mensagem inicial. O pessoal gostou muito. Depois retomamos as datas dos encontros e falamos sobre aplicação dos projetos nas escolas, os quais serão apresentados no último encontro. Também entregamos uma pequena lembrança (um lápis da Uni Ritter) pelo dia do professor. Segue os pareceres dos professores cursistas sobre o Gestar II.

“O curso Gestar tem possibilitado reflexões a cerca do ensino de matemática e Português, bem como fornecendo subsídios que favorecem aulas mais criativas, capazes de melhorar a qualidade do ensino-aprendizagem”. (Simone, Soní, Débora, Airton)

“Precisamos de harmonia, persistência e criatividade para desenvolvermos os objetivos propostos pelo Programa Gestar, superando as expectativas. Com isso, temos alcançado muito mais sucesso em nosso trabalho e consequentemente a felicidade”.(Luciane, Marli, Terezinha e Marisa)

“O trabalho em equipe requer disciplina, organização, confiança e liderança”. (Anita, Noemia, Inês, Clara, Mirtes e Maria Cristina)

Trabalho em equipe, superamos dificuldades, mobilizando harmoniosamente e exercendo o papel de liderança”.(Adriana, Cecília,Lisandra e Janice)

“É necessário haver disciplina e autonomia para determinar um aprendizado”. (Jurema, Isolde, Lisete e Nair)

Concluída a dinâmica, os professores de Português e Matemática continuaram os trabalhos separadamente. Comecei com a leitura do texto: ”Retrato de velho” de Carlos Drummond de Andrade. (Tp1 – p.14), para depois falar sobre variedades lingüísticas.

No decorrer do debate ficou claro que a língua tem caráter dinâmico, como revela também a constante evolução da sociedade e de sua cultura, refletida sempre na língua. Esta, por sua vez, em constante construção pelos seus usuários, acaba por transformar as relações humanas e, portanto, a cultura e a sociedade.Vemos, portanto, que sociedade, cultura e língua são construções históricas dos sujeitos. Influindo umas sobre as outras, essas três “instâncias” estão em constante processo de transformação.

A cultura, entendida como o conjunto de formas de fazer, pensar e sentir de uma pessoa ou de uma sociedade, é uma construção histórica e varia no espaço e no tempo.
A língua é, ao mesmo tempo, a melhor expressão da cultura e um forte elemento de sua transformação. A língua tem o mesmo caráter dinâmico da cultura.
A língua tem regularidades, um sistema a ser seguido. Mas, como é um sistema aberto, a língua oferece inúmeras possibilidades de variação de uso, que criam, junto com o contexto, interações sempre novas e irrepetíveis.
Depois observamos um texto escrito no Português de Portugal e a tradução do mesmo, feita pelo escritor Millôr Fernandes.

Texto escrito no português de Portugal:

“Estava a conduzir meu automóvel numa azinhaga com um borracho muito gira ao lado, quando dei com uma bossa na estrada de circunvalação que um bera teve a lata de deixar. Ecapei de me espalhar à justa. Em havendo um bufete à frente convidei a chavala a um copo. Botei o chiante na berma e ornamos ao criado de mesa, uma sande de fiambre em carcaça eu, e ela um miau. O panasqueiro, com jeito de marialva paneleiro, um chalado de pinha, embora nos tratando nas palminhas, trouxe-nos a sande com a carcaça esturrada (e sem caganitas!) e, faltando-lhe o miau,deu-nos um prego duro.”

Texto traduzido para o português do Brasil:

“Eu dirigia meu carro por um caminho de pedras tendo ao lado uma gata espetacular, quando vi um lombo na estrada de contorno que um escroto teve o descaramento de fazer. Por pouco não bati nele. Como havia em frente uma lanchonete, convidei a mina a tomar um drinque. Coloquei o carro no acostamento e pedimos ao garçom sanduíche de presunto com pão de forma eu, e ela sanduíche de lombinho. O gozador, com jeito de don Juan bicha, muito louco, embora nos tratando muito bem, trouxe o sanduíche com o pão queimado (e sem azeitonas!) e, não tendo sanduíche de lombinho, trouxe um de churrasquinho duro.” (Millôr Fernandes)

Para ilustrar um pouco, trabalhamos as atividades práticas “A gíria” – p.24 e “Uma crônica bem humorada” p. 41, 42 do AAA1. Depois trabalhei com o texto “Conta de novo a história da noite em que eu nasci” de Jamie-Lee Curtis.







Cada professora cursista fez seu relato sobre o que lembrava da história do seu nascimento o que despertou a curiosidade em buscar saber mais sobre o assunto. Foi uma experiência interessante. Ainda falando sobre variantes lingüísticas assistimos o vídeo da charge:”Linguagem inadequada”.

A língua é um sistema aberto, o que possibilita uma grande variedade de usos. Assim, ao lado de regras sistemáticas que todos os seus falantes devem seguir, aparecem as variantes da língua, que podem referir-se ao uso de um grupo, ou ao uso de ada locutor, no momento específico da interação.

Os registros são basicamente dois: o formal e o informal, segundo o distanciamento requerido pela situação. Entre os dois extremos, há muitas gradações. Os registros podem apresentar-se tanto na forma oral como na forma escrita da língua. Os registros põem por terra a distinção do certo/errado, passando a discussão para o campo do adequado/inadequado. Essas considerações nos levam a rever nossa atuação como professores de Língua Portuguesa. Em sala de aula, é fundamental criar oportunidades para que os alunos trabalhem textos que exemplifiquem diversas situações de comunicação, em que dialetos e registros diferentes se apresentem para a sua reflexão e discussão e como ponto de partida para a produção de textos igualmente diversificados. Esse é, afinal, o objetivo maior do ensino da língua:

“DESENVOLVER NO SUJEITO A COMPETÊNCIA PARA A LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS.

A norma culta é um dos dialetos definidos por critérios socioculturais. Como para todas as línguas, a norma culta é escolhida como norma-padrão, que é usada nos documentos, sobretudo os oficiais, em grande parte da literatura, dos escritos e falas da imprensa. Sua maior característica é a correção pautada na gramática normativa. No entanto, não é melhor nem pior, mais bonita ou mais feia do que qualquer outra norma/dialeto. Por outro lado, não é obrigatoriamente o espaço da língua escrita ou da literatura. Deve, ser trabalhada na escola, como o dialeto que o aluno deve ir aos poucos dominando, por ser o mais adequado a certas situações de comunicação.

Em seguida lemos, estudamos e comentamos os textos: “NÓIS MUDEMO” de Fidêncio Bogo, e “PECHADA” de Luis Fernando Veríssimo, comparando-os e relacionando-os com a prática de sala de aula. O debate foi emocionante e fez com que todas nós refletíssemos sobre a nossa prática pedagógica, sobre os nossos alunos.

“NÓIS MUDEMO”

(Fidêncio Bogo)

O ônibus da Transbrasiliana deslizava manso pela Belém-Brasília rumo a Porto Nacional. Era abril, mês das derradeiras chuvas. No céu, uma luazona enorme pra namorado nenhum botar defeito. Sob o luar generoso, o cerrado verdejante era um presépio, todo poesia e misticismo.
Mas minha alma estava profundamente amargurada. O encontro daquela tarde, a visão daquele jovem marcado pelo sofrimento, precocemente envelhecido, a crua recordação de um episódio que parecia tão banal... Tentei dormir. Inútil. Meus olhos percorriam a paisagem enluarada, mas ela nada mais era para mim que o pano de fundo de um drama estúpido e trágico.

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As aulas tinham começado numa segunda-feira. Escola de periferia, classes heterogêneas, retardatários. Entre eles, uma criança crescida, quase um rapaz.
- Por que você faltou esses dias todos?
- É que nóis mudemo onti, fessora. Nóis veio da fazenda.
Risadinhas da turma.
- Não se diz “nóis mudemo”, menino! A gente deve dizer, nós mudamos, tá?
- Tá, fessora!
No recreio as chacotas dos colegas: “Oi, nóis mudemo! Até amanhã, nóis mudemo”!
No dia seguinte, a mesma coisa: risadinhas, cochichos, gozações.
- Pai, não vô mais pra escola!
- Oxente! Módi quê?
Ouvida a história, o Pai coçou a cabeça e disse?
- Meu fio, num deixa a escola por uma bobagem dessa! Não liga pras gozações da mininada! Logo eles esquece.
Não esqueceram.
Na quarta-feira, dei pela falta do menino. Ele não apareceu no resto da semana, nem na segunda-feira seguinte. Aí me dei conta de que eu nem sabia o nome dele. Procurei no diário de classe e soube que se chamava Lúcio – Lúcio Rodrigues Barbosa. Achei o endereço. Longe, um dos últimos casebres do bairro. Fui lá, uma tarde. O rapazola tinha partido no dia anterior para a casa de um tio no sul do Pará.
- É, professora, meu fio não agüentou as gozação das mininada. Eu tentei fazê ele continua, mas não teve jeito. Ele tava chatiado demais. Bosta de vida! Eu devia de tê ficado na fazenda côa famia. Na cidade nóis não tem veis. Nóis fala tudo errado.
Inexperiente, confusa, sem saber o que dizer engoli em seco e me despedi.
O episódio ocorrera há dezessete anos e tinha caído em total esquecimento, ao menos de minha parte.
Uma tarde, num povoado à beira da Belém-Brasília, eu ia pegar o ônibus, quando alguém me chamou.
Olhei e vi, acenando para mim, um rapaz pobremente vestido, magro, com aparência doentia.
- O que é, moço?
- A senhora não se lembra de mim, fessora?
Olhei para ele, dei tratos à bola. Reconstituí num momento meus longos anos de sacerdócio, digo, de magistério. Tudo escuro.
- Não me lembro não, moço. Você me conhece? De onde? Foi meu aluno? Como se chama?
Para tantas perguntas, uma resposta lacônica:
- Eu sou “Nóis mudemo”, lembra?
Comecei a tremer.
- Sim, moço. Agora me lembro. Como era mesmo o seu nome?
- Lúcio – Lúcio Rodrigues Barbosa.
- O que aconteceu com você?
- O que aconteceu? Ah! Fessora! É mais fácil dizê o que não aconteceu. Comi o pão que o diabo amassô. E êta diabo bom de padaria! Fui garimpeiro, fui bóia fria, um “gato” me arrecadou e levou num caminhão pruma fazenda no meio da mata. Lá trabaiei como escravo. Passei fome, fui baleado quando consegui fugi. Peguei tudo quanto é doença. Até na cadeia já fui pará. Nóis ignorante às veis fais coisa sem querê fazê. A escola fais uma farta danada. Eu não devia de tê, saído daquele jeito, fessora, mas não agüentei as gozação da turma. Eu vi logo que nunca ia consegui falá direito. Ainda hoje eu não sei.
- Meu Deus!
Aquela revelação me virou do avesso. Foi demais para mim. Descontrolada, comecei a soluçar convulsivamente. Como eu podia ter sido tão burra e má? E abracei o rapaz, o que restava do rapaz, que me olhava atarantado.
O ônibus buzinou com insistência.
O rapaz afastou-me de si suavemente.
- Chora não, fêssora! A senhora não tem culpa.
Como? Eu não tenho culpa? Deus do céu!
Entrei no ônibus apinhado. Cem olhos eram cem flechas vingadoras apontadas para mim. O ônibus partiu. Pensei na minha sala de aula. Eu era uma assassina a caminho da guilhotina.
Hoje tenho raiva da gramática. Eu mudo, tu mudas, ele muda, nós mudamos, mudamos, mudaamoos, mudaaamooos... Super usada, mal usada, abusada, ela é uma guilhotina dentro da escola. A gramática faz gato e sapato da língua materna – a língua que a criança aprendeu com seus pais e irmãos e colegas – e se torna o terror dos alunos. Em vez de estimular e fazer crescer, comunicando, reprime e oprime, cobrando centenas de regrinhas estúpidas para aquela idade.
E os Lúcios da vida, os milhares de Lúcios da periferia e do interior, barrados na sala de aula: “Não é assim que se diz, menino!” Como se o professor quisesse dizer: “Você está errado! Os seus pais estão errados! Seus irmãos e amigos e vizinhos estão errados! A certa sou eu! Imite-me! Copie-me! Fale como eu! Você não seja você! Renegue suas raízes! Diminua-se! Desfigure-se! Fique no seu lugar! Seja uma sombra!”.
E siga desarmado para o matadouro da vida.

PECHADA

(Luis Fernando Verissimo)

O apelido foi instantâneo. No primeiro dia de aula, o aluno novo já estava sendo chamado de "Gaúcho". Porque era gaúcho. Recém-chegado do Rio Grande do Sul, com um sotaque carregado.
– Aí, Gaúcho!
– Fala, Gaúcho!
Perguntaram para a professora por que o Gaúcho falava diferente. A professora explicou que cada região tinha seu idioma, mas que as diferenças não eram tão grandes assim. Afinal, todos falavam português. Variava a pronúncia, mas a língua era uma só. E os alunos não achavam formidável que num país do tamanho do Brasil todos falassem a mesma língua, só com pequenas variações?
– Mas o Gaúcho fala "tu"! – disse o gordo Jorge, que era quem mais implicava com o novato.
– E fala certo - disse a professora. – Pode-se dizer "tu" e pode-se dizer "você". Os dois estão certos. Os dois são português. O gordo Jorge fez cara de quem não se entregara.
Um dia o Gaúcho chegou tarde na aula e explicou para a professora o que acontecera.
– O pai atravessou a sinaleira e pechou.
– O que?
– O pai. Atravessou a sinaleira e pechou A professora sorriu. Depois achou que não era caso para sorrir. Afinal, o pai do menino atravessara uma sinaleira e pechara. Podia estar, naquele momento, em algum hospital. Gravemente pechado. Com pedaços de sinaleira sendo retirados do seu corpo.
– O que foi que ele disse, tia? – quis saber o gordo Jorge.
– Que o pai dele atravessou uma sinaleira e pechou.
– E o que é isso?
– Gaúcho... Quer dizer, Rodrigo: explique para a classe o que aconteceu.
– Nós vinha...
– Nós vínhamos.
– Nós vínhamos de auto, o pai não viu a sinaleira fechada, passou no vermelho e deu uma pechada noutro auto.
A professora varreu a classe com seu sorriso. Estava claro o que acontecera? Ao mesmo tempo, procurava uma tradução para o relato do gaúcho. Não podia admitir que não o entendera. Não com o gordo Jorge rindo daquele jeito. "Sinaleira", obviamente, era sinal, semáforo. "Auto" era automóvel, carro. Mas "pechar" o que era? Bater, claro. Mas de onde viera aquela estranha palavra? Só muitos dias depois a professora descobriu que "pechar" vinha do espanhol e queria dizer bater com o peito, e até lá teve que se esforçar para convencer o gordo Jorge de que era mesmo brasileiro o que falava o novato. Que já ganhara outro apelido: Pechada.
– Aí, Pechada!

O texto literário caracteriza-se como aquele que apresenta liberdade completa no uso das variantes da língua. O autor pode empregar a norma culta ou o dialeto popular, o registro mais formal ao mais informal, tudo vai depender de suas intenções, do assunto, do ambiente e dos personagens retratados. Cada texto literário é que vai criando os limites e a adequação de cada escolha do autor. A oralidade e a escrita são as duas modalidades (ou realizações) da língua.Para relaxar um pouco, e continuando a ver o texto literário, lemos e conversamos sobre o texto “Sexa” de Luis F. Veríssimo.

SEXA
– Pai...
– Hmmm?
– Como é o feminino de sexo?
– O quê?
– O feminino de sexo.
– Não tem.
– Sexo não tem feminino?
– Não.
– Só tem sexo masculino?
– É. Quer dizer, não. Existem dois sexos. Masculino e feminino.
– E como é o feminino de sexo?
– Não tem feminino. Sexo é sempre masculino.
– Mas tu mesmo disse que tem sexo masculino e feminino.
– O sexo pode ser masculino ou feminino. A palavra “sexo” é masculina. O sexo masculino, o sexo feminino.
– Não devia ser “a sexa”?
– Não.
– Por que não?
– Porque não! Desculpe. Porque não. “Sexo” é sempre masculino.
– O sexo da mulher é masculino?
– É. Não! O sexo da mulher é feminino.
- E como é o feminino?
– Sexo mesmo. Igual ao do homem.
– O sexo da mulher é igual ao do homem?
– É. Quer dizer...Olha aqui. Tem sexo masculino e sexo feminino, certo?
– Certo. São duas coisas diferentes.
– Então como é o feminino de sexo?
– É igual ao masculino.
– Mas não são diferentes?
– Não. Ou são! Mas a palavra é a mesma. Muda o sexo, mas não muda a palavra.
– Mas então não muda o sexo. É sempre masculino.
– A palavra sexo é masculina.
– Não. “ A palavra” é feminina. Se fosse masculina seria “o pal...
– Chega! Vai brincar, vai.
O garoto sai e a mãe entra. O pai comenta:
– Temos que ficar de olho nesse guri...
– Por quê?

O debate girou em torno de:

1)É um texto literário? Comente.
2) Qual é a imprevisibilidade da fala final do pai e que reforça o humor do texto?
3) A hipótese do menino para criar o feminino da palavra “sexo” tem lógica? Dê exemplos que confirmem sua posição.
4) Veja a palavra “sexo” no dicionário. Você acha que para o pai e para o menino a palavra tem sempre o mesmo sentido e as mesmas conotações?
5) Em que trechos você percebe a impaciência do pai?
6) Nem toda crônica é uma narrativa. Esta é: temos aí uma seqüência de fatos que constituem uma história, envolvendo personagens, organizada de determinada forma e contada por um narrador, que aqui aparece muito pouco.
7) Onde aparece o narrador ?
8) O discurso direto (as próprias personagens tomando a palavra) lhe pareceu um bom expediente? Por quê?

Em seguida organizei os relatos dos avançando na prática, os quais como sempre foram muito esperados por todas, visto que são experiências que enriquecem o trabalho.

Continuando o nosso trabalho realizamos o estudo da crônica:” A outra Senhora” de Carlos Drummond de Andrade. (TP1 p.169), depois socializamos as questões. Antes de concluirmos a oficina da tarde, conversamos sobre o andamento do projeto, que já foi elaborado, e do memorial das meninas. E para finalizar assistimos o vídeo: “despedida de uma vogal”. Depois,fizemos um intervalo para descansar um pouco, lanchar e voltar à noite para “gestar” novamente.



domingo, 25 de outubro de 2009

DÉCIMA OFICINA



À tarde (14/10/09), animadas e motivadas, continuamos a “gestar”. Como já estávamos todas “aquecidas”, iniciei o encontro com a história (em PowerPoint) do “catador de pensamentos”. Continuando o encontro retomei e encaminhei o debate sobre as questões teóricas pertinentes ao processo de produção textual: revisão e edição e a literatura para os adolescentes. Sabemos que, produzir textos escritos é um ato complexo, pois envolve o desenvolvimento da capacidade de coordenar e integrar operações de vários níveis e conhecimentos diversos: linguísticos, cognitivos e sociais. O escritor se depara com a necessidade de gerar e selecionar e organizar linguísticamente idéias e conteúdos. O planejamento textual, deve levar em conta, na elaboração do texto, o destinatário e o objetivo (macroplanejamento) e a “organização que deve levar ao texto na sua forma final (microplanejamento). A revisão dos textos (ou releitura) durante a produção ou depois do texto terminado, é “Um tal processo que parece exigir de parte do autor uma capacidade de se distanciar em relação aos seus escritos”.


Para melhor produzir um texto, pode-se observar algumas etapas a serem seguidas.Essas etapas não são obrigatórias nem, necessariamente, sequenciais e lineares, mas dependem das circunstâncias dos objetivos e da audiência:Geração de idéias; Consulta; Seleção e decisão; Rascunho; Revisão; Edição final.


Algumas recomendações interessantes ao produzir um texto: Numa produção textual o escritor experiente pensa antes de escrever e durante o ato de escrever. Uma forma do professor ensinar este “pensar enquanto escreve” é mediante seu exemplo. Produzir texto é agir lingüisticamente (selecionar o que vai ser dito, ativando os conhecimentos prévios ou pesquisando em outras fontes; organizar os conteúdos numa seqüência; selecionar vocabulário, sentenças...Conhecer o gênero textual a ser escrito (forma e função). Estimular a escrita espontânea e refletir sobre a língua (permitir que os alunos escrevam exatamente do jeito que sabem, dando alguma ajuda quando necessário e num momento posterior refletir sobre o escrito).


Em síntese, LER se aprende LENDO E ESCREVER se aprende ESCREVENDO. Assim, é necessário que o aprendiz se torne leitor e escritor mesmo antes de poder executar essas tarefas com independência.


Para ilustrar a teoria trabalhamos as atividades: ”Avaliação, revisão e reescrita” p.80 e “como preparar um texto para edição” P. 88. Em seguida fizemos alguns apontamentos sobre a literatura para adolescentes, visto que, a literatura é uma possibilidade especial do desenvolvimento, da interpretação, que vai além do conhecimento de dados, da simples informação. Como toda arte, ela informa, mas pode fazer muito mais, e, em geral, faz: procurando na expressão do outro a palavra que desvende o mundo, o leitor procura desvendar a si mesmo e, procurando entender-se, caminha na compreensão do outro. Mais do que qualquer forma de conhecimento, a arte (e em especial a literatura) desvenda verdades sobre a condição humana. Segundo um de nossos maiores poetas, José Paulo Paes, a arte, a ficção, amplia a nossa humanidade.


Em seguida para descontrair um pouco acompanhamos o PowerPoint com a música: Eu não sei parar de te olhar de Ana Carolina. A reflexão girou em torno do olhar que temos que ter pelo nosso aluno. Depois, dividi o grupo em duplas e cada dupla escolheu uma atividade do AAA6 para estudar e apresentar aos colegas, enriquecendo e possibilitando outras idéias a serem aplicadas em sala de aula (O que lemos – p.101. Ler para conhecer e reconhecer diferentes textos literários – p.105. Ler para gostar – p.122 e investigando o texto – p.125).


Concluída a apresentações dessa atividades, socializamos os avançando na prática, os quais são sempre um subsídio maior que incrementam a prática de sala de aula, o fazer pedagógico do professor. Em seguida, fomos fazer uma visita a biblioteca da escola para selecionar algumas obras literárias, de 5ª a 8ª serie, e assim poder fazer a atividade do TP6 p. 222 (Preparar a apresentação de algumas obras para a turma a fim de motivá-las a leitura). Nosso passeio à biblioteca foi maravilhoso, sentimo-nos em casa, “donas do pedaço”. Dividimo-nos em trios para fazer a atividade, confiram:














Cursistas:Rosane, Soni e Simone.
Obra escolhida: “O Fantástico Mistério de Feiurinha” de Pedro Bandeira.
Motivação:1) Conversar com a turma a respeito dos contos maravilhosos que eles conhecem. 2) Chamar a atenção para a estrutura dos contos: Como são as personagens, como as histórias costumam terminar; Fazer o questionamento: Que tal ler uma história que promove o encontro de várias personagens dos contos maravilhosos? Vocês sabem o que acontece depois de “viveram felizes para sempre”? Vamos ver o que nos conta a obra de Pedro Bandeira “O fantástico mistério de Feiurinha”.

Cursistas: Luciane, Márcia H. e Isoldi.
Obra escolhida: “ Um Botão Negro, Outro Branco” de Beto Bevilácqua.
Motivação: 1) Apresentar o título do livro para os alunos e pedir que façam inferências a respeito do mesmo. 2) Apresentar a capa do livro e questionar se o conceito ou as idéias que tinham levantado anteriormente se mantém ou mudaram. 3)Tendo em vista as análises anteriores, questionar sobre qual será o principal conflito da narrativa (Deixar os alunos apresentarem suas hipóteses). 4)Apresentar rapidamente o assunto que será tratado no livro, eu é o problema do preconceito racial presente na sociedade brasileira, tendo como pano de fundo a escola e o namoro incompreendido e hostilizado de uma menina branca (Maria) com um menino negro (João Pedro).


Cursistas:Márcia T., Lisete e Nair.
Obra escolhida: “Tarzan Minhoca” de Jéferson Assunção.
Motivação: 1) Fazer a dinâmica “Quem sou”. 2) Montar um painel com as características da vida de cada aluno, e que muitas vezes não são aceitas pelo grupo. 3) Leitura do início da obra, salientando aos alunos que a personagem da história, também tem suas características próprias, que o deixam com a autoestima baixa. 4) Leitura do restante da obra pelos alunos. 5) Em grupo relacionar o tema da obra com a realidade que os alunos enfrentam no seu cotidiano. 6) Salientar a importância da valorização dos aspectos físicos e psicológicos de cada um, pois nem sempre o físico é fundamental, precisa-se também do psicológico.


Para finalizar o encontro, encaminhei as atividades à distância e lemos a mensagem “Deficiências” de Mário Quintana.





NONA OFICINA















A cada novo encontro do Gestar II, a nossa nova família, espera ansiosa para compartilhar os momentos de alegria, de dúvidas, de angústias de certezas e de novas experiências. Ah, como é bom viver, sonhar, amar, crescer e compartilhar... No dia 14/10/09, aconteceu a nona oficina do Gestar II no Instituto Estadual de Educação Maria Cristina.Pela manhã, após saudar a todas, iniciei o encontro com um texto do Pablo Neruda em PowerPoint:

“Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo. Morre lentamente quem destrói seu amor próprio, quem não se deixa ajudar. Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece. Morre lentamente quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções, justamente os que resgatam o brilho dos olhos e os corações aos tropeços. Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, ou amor, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite, pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos... Viva hoje! Arrisque hoje! Faça hoje! Não deixe de morrer lentamente! Não se esqueça de SER FELIZ!”

Feita a reflexão e os devidos comentários, encaminhei a dinâmica do complemento, sendo e no final as duplas deveriam produzir um pequeno texto no gênero que achassem melhor, socializando os mesmos em seguida. Vejam as produções:

Soní e Rosane
Classificados poéticos
Troca-se óculos sem lentes, com armação em excelente estado, por um par de lentes que permita ver as coisas belas davida. Preciso com urgência que essa troca se realize antes que o tempo passe e eu seja absorvida pela feiúra que nos cerca. Interessados. Entrar em contato pelo telefone 99072156, ou na rua da miopia, sem número.
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Isoldi e Márcia H.

Eu sou uma cabeça sem pescoço
Eu sou o pescoço da sua cabeça.
Eu sou uma camisa sem botão
Eu sou o botão de suacamisa.

Toda cabeça
E todo pescoço
Merecem uma camisa com botão.

Use a camisa da POOL!
A camisa que vai entrar na sua cabeça!

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Luciane e Márcia T.
Eu sou o sapato do seu pé...

Eu te levarei por
lugares incríveis...
Serei seu companheiro
De todas as horas...

Comigo você sempre
Estará seguro...

Comigo você sempre estará na MODA.
Sapatos LUMA.
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Nair, Lisete e Simone
Mala sem alça

Mala sem alça
Alça sem mala.
Você é uma mala
Você não tem alça.
Mala sem alça
Mala difícil de carregar.
Você é uma mala
Mala sem alça.
Mala que não me acompanha
Que fica para trás.
Mala sem alça
Não quero para mim.

Depois de boas gargalhadas, encaminhei o resgate e debate sobre a teoria a ser vista nas unidades 21 (argumentação e linguagem) e 22 (produção textual: planejamento e escrita). Iniciamos com a seguinte frase: “Toda linguagem é ideológica porque, ao refletir a realidade, ela necessariamente a refrata”. Santaella (1996) Atrás de todo ato comunicativo há persuasão. Comentamos também que nossa própria existência de seres humanos é moldada pela nossa capacidade de agir pela linguagem, pois distinguimo-nos de outras espécies animais porque somos capazes de nos constituir humanos pelo exercício da faculdade da linguagem. Assim, cada cultura organiza historicamente seus códigos de comunicação, seja na formação de seu vocabulário e estruturação sintática e semântica, seja na adequação dos textos às situações sóciocomunicativas. È pela linguagem que organizamos o saber, a vida. Pela linguagem agimos sobre nossos pares e sobre o mundo. Por isso, todos os seres humanos são, ao mesmo tempo, origem e produto da linguagem, origem e produto da história que nos leva a construir formas de comunicação e de atuação específicas. Visto nessa perspectiva, todo uso da linguagem é argumentativo, pois estabelece uma interação com o outro, uma relação de fazer social. E toda linguagem é, assim, um processo sempre em movimento.
Depois retomamos a atividade da página 17 do TP6 para analisar a importância da linguagem verbal e não-verbal na construção da argumentação. Outra atividade que fizemos foi da organização e defesa de idéias do AAA6 página 17. O debate foi interessante, pois percebemos que o contexto é fundamental para a construção do significado e da argumentação, e é preciso fazer com que os alunos se deem conta disso na hora que forem produzir os seus textos. Trabalhamos também o texto “ Os parentes” do TP6 (p.44) “As diferentes pistas do texto” do AAA6 (p.33). Em seguida para relaxar um pouco ouvimos, cantamos e olhamos um PowerPoint com a música: “ Deus e eu no sertão” de Vitor e Leo.
Continuando os nossos trabalhos, falamos sobre a produção textual: planejamento e escrita e ficou claro que um bom planejamento possibilita o desenvolvimento e o aprendizado do aluno em direção à sua autonomia. Portanto, quando modelamos ou mesmo damos exemplos para o aluno a partir de nossa experiência pessoal, esperamos que isto sirva de alavanca para a sua criatividade, oferecendo alternativas às estratégias que já conhece. Em seguida lemos o texto “A primeira cartilha” de Moacyr Scliar, e feitas as devidas observações e comentários encaminhei uma atividade de produção textual para as cursistas, na qual elas poderiam escolher entre as alternativas: 1) Escreva sobre uma experiência engraçada da sua vida de estudante.2) Escreva um texto sobre a sua história como educador(a), como surgiu a motivação,como se sentiu e argumentou, justificando as suas escolhas. O momento de produção foi normal, mas na hora de compartilhar as leituras, o clima foi mágico e único. Foi realmente uma reflexão e um resgate de histórias vividas e marcantes para todas elas. A experiência da vida de estudante que era para ser engraçada, por incrível que pareça, de tão trágicas que foram, acabaram despertando o maior riso... Virou uma tragicomédia. Outro item que chamou a atenção foi que todas queriam compartilhar o seu texto, e as cursistas comentaram que o mesmo acontece com os alunos em sala de aula quando da aplicação e socialização das atividades dos avançando na prática. Comentaram também que quando a produção é significativa para os alunos fica mais fácil escrever. Bem, o Gestar ao proporcionar essa troca de experiências entre professores e alunos, professores e escola já está garantindo seu sucesso. Acompanhem a seguir a riqueza de vivências das cursistas em suas produções (realmente é uma pena que aqui não é possível registrar todos os comentários que acompanharam todos os textos, dos sentimentos, das reações, das superações das dificuldades vividas. E muitas vezes, ao encaminharmos uma produção textual com nossos alunos não conhecemos sua real história de vida, seus medos, conflitos, traumas. Isso quando ,de forma inconsciente, não desencadeamos outros medos, outros traumas nos alunos, os quais eles poderão carregar por muito tempo... Pois bem, no momento que nos damos conta disso e conhecermos realmente os nossos alunos tudo poderá ser diferente):

Cursista Soní.
Crime e Castigo.


Lembro-me, como se fosse hoje, do meu desejo de ler, por conta própria, as histórias que me eram narradas, diariamente, por minha mãe. Eu ambicionava tanto possuir tal habilidade e dava a ela tamanha importância, que costumava mentir, para as crianças menores, que já a possuía. Assim, recontava as histórias ouvidas, como se as tivesse lendo.
Quando entrei para a escola, aos seis anos, não tardou para que isso ocorresse, bem antes, inclusive, do que a maior parte da turma. Contudo, não fui exatamente “premiada” pelo que, para mim, era um grande feito. A professora irritava-se com o fato de que, ao solicitar que a turma lesse em voz alta as palavras no quadro, apenas eu o fizesse, ou o fizesse antes dos outros ou no lugar do colega que foi requerido. A saída encontrada por minha adorável professora foi tirar-me da sala todas às vezes, me mandando para o banheiro.
Até hoje me questiono: por que o banheiro? Já que ia me tirar da sala, não podia me mandar para a biblioteca ou o parquinho da escola? O banheiro tornou-se para mim, uma punição por ter lido antes de meus colegas. Fiquei sem entender a professora, deixei de ler em voz alta durante aquele ano e, felizmente, no ano seguinte, a professora não me tirava da sala e ainda me deixava ler para os colegas os livrinhos que levava de casa.
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Cursista Lisete.
Um Peso na Consciência.

Minha primeira visita a uma biblioteca pode-se dizer que foi “traumática”. Nunca havia entrado em um espaço físico com tantas prateleiras e tantos livros expostos nelas. Neste dia, que não recordo o ano nem minha idade específica, talvez estivesse na 2ª série, acompanhei minha amiga Kelly até a Biblioteca Pública. Até então não sabia o que era uma biblioteca, pois na escola também não líamos nem retirávamos livros com a professora.
Kelly e eu observamos os livros e escolhemos, cada uma um, para levar. Lembro-me que se tratava de uma história indígena, com texto e figuras. Se minha amiga registrou o seu livro com a bibliotecária e depois de alguns dias o devolveu, eu não sei. Mas eu, que desconhecia tais regras, levei o livro para casa sem registrar. Li, guardei, reli, guardei. E agora, o que fazer com ele? Soube através de amigas, Kelly talvez, que devemos registrar os livras com a bibliotecária e devolvê-los depois de alguns dias. E agora? Apavorei-me. Fiquei desesperada! Não contaria para ninguém nem para meus pais, para não ser repreendida e levar uma surra.
O livro estava escondidinho, mas estava ali, pesando na minha consciência. Até que encontrei uma solução para o meu problema: “Queimei o livro”. E assim, na minha inocência, acabei com a minha preocupação e com o peso na minha consciência.
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Cursista Rosane
Eu na Quarta Série.

Certo dia, nas aulas de ciências, quando estudava na quarta série, numa escolinha multisseriada ( que tem alunos da 1ª a 4ª série na mesma sala) do interior de São Martinho com uma única professora, estávamos estudando sobre vermes e lombrigas.
Eis que uma semana depois, tivemos uma prova sobre estes conteúdos. E lá estava a “maldita” questão. A resposta para esta questão era solitária, mas eu como sou de origem alemã sabia a resposta somente em alemão, não lembrava de jeito nenhum como era essa palavra em português. A nossa professora também era de origem alemã e, portanto, sabia falar em alemão. Chamei-a para a minha classe e falei do meu dilema, de saber a resposta só em alemão, até disse para ela como era a resposta, mas ela não aceitou, dando como errada a questão, mesmo sabendo que o meu erro não era por não ter o conhecimento e sim por não dominar ainda a Língua Portuguesa. Fiquei muito sentida e chateada e a partir desse dia não fui mais a mesma aluna. O bloqueio foi tanto que até reprovei naquele ano.
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Cursista Márcia Thalheimer
Um Dia Especial.

Com apenas cinco anos de idade, o meu maior desejo era acompanhar a minha irmã e freqüentar a escola.
Com esse objetivo, certa manhã, quando estava sozinha em casa, resolvi tomar banho, trocar de roupa e ir para a escola. Coloquei muita água no feijão para que não queimasse e fui para a escola. Fiz tudo isso escondido dos meus pais.
Quando cheguei na escola, foi grande a surpresa da professora Dulce e da minha irmã. Porém, a professora não hesitou. Convidou-me para entrar e gentilmente ofereceu-me um desenho para pintar.
Meu coração batia diferente, tamanha a alegria em poder fazer parte do meio escolar.
Porém, tudo que é bom dura pouco. Quando avistei meu pai que vinha chegando na escola, logo pensei que tudo isso iria terminar naquele instante mesmo.
A professora Dulce, que sempre foi muito carinhosa, conversou com o meu pai. Eu ansiosa, esperava o final e as conseqüências dos meus atos.
Quando me chamaram para conversar, fui pensando no pior. Entretanto, tive uma surpresa. A partir daquele dia, mesmo não tendo sete anos, pude começar a freqüentar a escola, graças a professora Dulce que também foi o estímulo para a minha escolha profissional: ser professora.
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Cursista Simone
A Cartolina.

Um certo dia a professora Marlene Frizzo pediu para que nós trouxéssemos, na aula seguinte, uma cartolina. Cheguei em casa e mostrei o recado para minha mãe. Ela leu e releu o bilhete, após disse-me que não sabia o que era cartolina. Então ela pegou um papel de presente, enrolou-o e disse para eu levar aquele. Alegre e feliz fui para a aula, quando a professora pediu da cartolina, os meus colegas foram mostrando o que haviam trazido e aí eu percebi que o que eu havia levado não era cartolina, apenas um papel simples.
A professora percebendo isso, disse que quem não havia trazido, poderia pedir um pedaço emprestado de algum colega.
E assim, fizemos um trabalho maravilhoso para o Dia das Mães.
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Cursista Nair
O Início da Vida Escolar.

Quando comecei minha vida escolar, que era meu maior sonho, eu tinha 6 anos de idade, minha mãe durante uma semana me acompanhou até a escola, a fim de familiarizar-me com o ambiente, colegas, e professora. E também para que perdesse o medo de ficar sozinha, longe dela.
Na semana seguinte uma colega de mais idade e nossa vizinha se prontificou em levar-me a escola, pois também estudava no mesmo turno.
Comecei a gostar de ir no colégio e dificilmente perdia uma Aula. Adorava pintar, desenhar , escrever, ler e brincar com os colegas.
Lembro-me que durante o recreio brincávamos muito de casinha, escolinha, esconde-esconde, mas um fato que me marcou bastante foi quando íamos embaixo da escola, pois o porão era alto e procurávamos tatuzinhos, ou seja, soprávamos nos buraquinhos até que eles apareciam e cada colega queria achar mais que o outro.
Também, no final da aula eu subia e descia os barrancos e valetas da estrada, onde ficava brincando com os colegas, sem ver o tempo passar e chegava em casa suja e cansada.
Certo dia após a aula, estava brincando e cai. Me machuquei muito, fui para casa chorando e minha mãe ficou assustada vendo minha aparência e a partir daquele dia deu-me um ultimato, que se nos outros dias eu não voltasse logo para casa após o término da aula, ela iria me buscar com uma vara e iria me surrar.
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Cursista Isoldi
Meus Primeiros Dias Como Educadora.

No ano de 1982 eu estava em casa quando chegou meu irmão, que era professor e me disse: “Você vai lecionar”. Fiquei emocionada e foi então que meu pai me levou até a escola onde iria começar o meu trabalho, era no interior. Lugar este que eu não conhecia, nem mesmo os moradores.
De início foi difícil, pois tive que morar lá e trabalhar com alunos de 1ª a 4ª série juntas numa única sala. Eu não tinha magistério e nenhuma experiência, me baseava de como minha professora de primário fazia e também pedi ajuda para meu irmão e minha cunhada que eram professores e tinham o magistério. Aos poucos fui descobrindo como fazer um plano de aula. Mais tarde (dois ou três meses), fui transferida de escola, que alívio, ficava mais perto e nesta escola tinha outros professores. Nesta escola deram-me uma primeira série, até hoje não sei como alfabetizei aqueles alunos. Anos mais tarde (bem mais tarde) encontrei uma ex-aluna “daquela escolinha” e ela me disse que fui sua professora de 1ª série. Logo perguntei: ”E você aprendeu a ler?” Percebi que com esforço e boa vontade a gente consegue tudo o que quer.
Mais tarde, já fazendo faculdade, trabalhei Português e Matemática nesta escola com alunos de 5ª e 6ª séries. Nesta mesma época fui diretora e as coisas melhoraram.
Enfim, estou até hoje trabalhando já passei por muitas escolas.
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Cursista Márcia Hanauer
Como Escolhi Ser Professora.

Quando tinha dez anos de idade, lembro-me, como se fosse hoje, meu pai me puxou para o canto da casa de uns amigos nossos em Porto Alegre para me dizer que eu iria ser professora.
No momento fiquei assustada, pois como disse antes, tinha dez anos e não pensava, ainda, seriamente no que iria fazer quando fosse maior.Como todo aluno pensava em ser professor, mas todos diziam que era devido a influência da professora, em sala de aula, pois gostavam muito dela.
Daquele momento em diante, minha vida tomou outro rumo, deveria ser professora, segundo meu pai. Pois logo que terminasse o magistério trabalharia, teria renda e poderia, depois estudar o que quisesse.
Fomos, nessa época morar no MS, comecei a aceitar o destino. Voltamos quando iria cursar a 8ª série, pois o ensino de lá não era muito “forte”.
Quando comecei a cursar o magistério no Sul, gostei, me empenhei, tirei notas boas, mas o estágio foi minha decepção, quis desistir duas vezes, por sorte a coordenadora da 3ª série não deixou.
Segui também, pois não sou de desistir, se não quero, jé não opto. Terminei o estágio e procurei outros caminhos. Mas, o destino quis que eu seguisse o desejo de meu pai.
Chegando em Humaitá, precisavam de professora de Língua Portuguesa (pois eu cursava Letras para ser tradutora e não professora), e continuo até hoje, tenho nomeação no município de 40 horas e sou feliz e realizada no que faço.
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Depois de toda riqueza textual apresentada pelas cursistas, observamos mais algumas atividades do AAA6, as quais poderão ser desenvolvidas com os alunos em sala de aula: ”Estratégias e dicas para seu texto” p. 56 e “Construa as suas próprias estratégias” p. 59. Feita a observação, encaminhei a apresentação dos relatos dos avançando na prática, atividade esta que é sempre esperada pelas cursistas, devido a troca de experiências. Logo após encaminhei a atividade prática do TP6 (p. 219), na qual as cursistas deveriam continuar o texto “Espírito Carnavalesco”, fazer as anotações do planejamento para escrevê-lo, socializar e fazer um planejamento sobre a utilização desse texto em sala de aula com os alunos. A seguir os finais e algumas atividades


Cursistas Rosane, Soní e Simone
a) Continuação do texto.
- Mas criatura, é época de carnaval e nem é tão tarde assim!
Dito isto, vira-se para o lado e, antes que a esposa pudesse argumentar, já estava dormindo novamente. Ela, indignada e vendo que não havia alternativa, dispõe-se a resolver sozinha o problema. Veste, então, um agasalho e desce a escada rapidamente, rumo ao impertinente e constante barulho.
Chegando lá, é surpreendida por um grupo de pessoas maior e ainda mais animado do que supunha. Antes que pudesse falar qualquer coisa viu-se envolvida por um trenzinho de foliões, mais especificamente entre a colombina e o zorro. Este, a segurava firmemente pela cintura, o que a deixava nervosa e, num certo sentido, fora de si.
Em poucos minutos, estava completamente envolvida pela alegria e descontração do ambiente. Tanto que, apenas aos primeiros raios de sol, lembrou-se de retornar ao apartamento, onde o marido dormia, tranquilamente ignorante do fato de que sua esposa acabou envolvida pelo espírito carnavalesco.

b) Planejamento – como trabalhar o texto em sala de aula.
Criação de um desfecho para a narrativa, em duplas.
Leitura dos textos para a turma.
Dramatização dos textos, incluindo o desfecho criado pelas duplas.
Trabalho com o tipo de discurso.
Extrapolação: Realizar um paralelo entre o carnaval antigamente e nos tempos atuais (costumes, músicas, fantasias...)
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Cursistas: Isoldi e Márcia H.
a) Continuação do texto.
Ouvindo isto, ele foi até a quadra do ensaio. Caminhou 15 minutos e chegando lá, viu todos dançando, cantando alegremente. Segui seu objetivo, com dor no coração, encerrar o ensaio.
Procurou um microfone, foi logo perguntando quem era o responsável pelo ensaio, cada pesssoa indicava outra. Foi passando o tempo e quando encontrou o responsável o ensaio terminou.
Chegando em casa sua esposa estava feliz, pois seu marido havia acabado com o ensaio.

b) Planejamento – como trabalhar o texto em sala de aula.
Antes de entregar o texto, formar grupos de três componentes para que haja mais discussão e opiniões. Seguindo, deverão ler o texto e produzir o final, como sugestão transformá-lo num texto humorístico. Após cada grupo apresenta o mesmo, na integra, da forma que achar melhor, dramatizando, desenhando ou simplesmente lendo.

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Cursistas: Márcia T., Lisete, Nair e Luciane.
a) Continuação do texto.
- Mas será que eles vão aceitar meus argumentos?
- Não sei, mas alguma atitude precisamos tomar.
Então ele dirigiu-se ao pavilhão para conversar com o presidente da escola.
Porém, ao chegar lá e assistir o ensaio, ficou empolgado com a animação dos componentes, sendo que os mesmos o convidaram para participar e fazer parte do bloco.
A princípio ficou em dúvida, mas aos poucos foi se envolvendo e sem perceber já estava contagiado pelo espírito carnavalesco.
Enquanto isso, a esposa caminhava de um lado para outro em casa, tapando os ouvidos e aguardando o retorno do marido, com a questão solucionada. A impaciência era tanta, que decidiu ir ver o que estava acontecendo. Para sua surpresa, avistou o marido entre os integrantes da escola. Ao avistá-la, o marido, pega ela pela mão arrastando-a para a folia.

b) Planejamento – como trabalhar o texto em sala de aula.
Distribuir uma cópia do texto para os alunos.
Leitura silenciosa do texto.
Em grupo, tecer comentários sobre o texto e refletir sobre a temática abordada.
Produzir um final para o texto.
Desafiar os alunos a confeccionarem uma máscara carnavalesca.
Socialização do final.
Estimular os alunos a pesquisarem músicas carnavalescas e coreografias.
Apresentação das coreografias escolhidas pelos grupos ao som de músicas carnavalescas.

Com a socialização da atividade concluímos as atividades desta oficina, e fomos para um delicioso almoço, pois à tarde teríamos mais Gestar.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Formação em Porto Alegre - 2ª etapa



Ansiedade, expectativa, saudade, curiosidade e a necessidade de buscar novos conhecimentos, novas orientações e troca de experiências, foram os sentimentos que nos moveram e motivaram no segundo encontro do Gestar II em Porto Alegre de 28/09 a 02/10/09.

A alegria do reencontro realmente é indescritível... rever os amigos foi uma grande emoção... A família do profe Mau estava novamente reunida para compartilhar idéias, sentimentos, risos, desafios, experiências, angústias... E o nosso mestre Mau sempre presente para nos orientar e fazer um link com o que estava sendo exposto. Maravilhoso. Sem esquecer do nosso sempre prestativo “Bill Gates, nosso colega Casiano.

Como sempre, passamos a semana correndo contra o tempo, era tanta coisa para ver, estudar conversar, que realmente faltou tempo,ou seja, o tempo passou rápido demais.
Depois dessa semana de estudo estamos de volta a nossos municípios para trabalhar as outras 40 horas com nossas professoras cursistas. E apesar de muito trabalho, estudo e leitura temos ainda que correr novamente contra o tempo, mas nada que não possa ser superado com boa vontade e dedicação.
Alguns momentos do reencontro do Gestar II em Porto Alegre.



























sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Algumas avaliações do Gestar II



Avaliações do Gestar II até o momento – 40 horas.

Cursistas: Nair e Márcia Thalheimer
O programa Gestar II, além de nos trazer a fundamentação teórica, apresenta atividades e oportuniza a socialização de experiências significativas para o trabalho do professor.

Os encontros até o momento, foram de grande valia, pois através dos mesmos foi possível fazer uma reflexão sobre a nossa prática pedagógica e acrescentar novas sugestões, as quais fizeram com que as nossas aulas se tornassem mais prazerosas para os alunos e professores.

Com as atividades dos “avançando na prática” percebemos a importância e a necessidade de apresentar idéias novas para os alunos proporcionando maior motivação e participação.

A maior dificuldade que encontramos é a questão do tempo reduzido o que dificulta a leitura e o aprofundamento nos temas apresentados e na aplicação das práticas com os alunos, o que causa uma certa angústia em nós professores.
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Cursistas: Márcia Hanauer, Isoldi e Simone
O Gestar II veio contribuir para a nossa prática pedagógica, além de nos dar a fundamenação teórica, traz sugestões de atividades e oportuniza a socialização de experiências que são significativas.

Os encaminhamentos das atividades, as explicações teóricas enriquecem as oficinas que são bastantes diversificadas, com a utilização de várias técnicas e materiais.

Quando aplicamos os “avançando na prática” em sala de aula, os alunos já têm uma expectativa positiva, pois já sabem que as atividades são interessantes e diferentes, prontamente recebem a instruções e participam da produção individual ou coletiva.

O que sentimos é a falta de tempo para a leitura, preparação das atividades e produção em sala de aula, sempre fica alguma coisa para trás, pois todos querem ler as suas produções. Em virtude do tempo acabamos também deixando um pouco de lado os conteúdos que são importantes e que devem andar justos.

Enfim, o Gestar II veio a somar, diversificando as atividades, a maneira de ensinar e transmitir os conteúdos, é um material que nos dá base e exemplos que estão enriquecendo nossas aulas.
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Cursistas: Luciane e Lisete.
O Gestar é um programa que veio contribuir para a nossa prática pedagógica. Além de nos dar a fundamentação teórica, traz sugestões de atividades e oportuniza a socialização de experiências entre as cursistas que tem sido significativas para nós.

Os encontros foram maravilhosos, a professora formadora está muito bem preparada, procura trazer materiais atualizados e dinâmicos sobre os conteúdos de língua portuguesa, bem como estimula-nos com vídeos motivacionais e orientações pertinentes.

A recepção dos alunos quanto as práticas está sendo muito positiva. Os mesmos têm participado ativamente das atividades, têm produzido textos cada vez melhores e aguardam ansiosos por novidades. Além disso, têm acompanhado as informações postadas nos blogs e têm motivado-se a criam um blog coletivo.

O material disponibilizado pelo Gestar II traz discussões lingüísticas atuais, incentiva a leitura e a produção escrita tanto do aluno quanto do professor. Uma das maiores dificuldades enfrentadas tem sido a falta de tempo para dar conta dos TPs, fazer os relatórios, bem como aplicar todas as atividades que gostaríamos em sala de aula, até porque cada escola tem um Plano de Curso que não pode simplesmente ficar de lado.

Apesar disso, avaliamos positivamente o programa desenvolvido até aqui e esperamos continuar a nossa caminhada em busca de formação e comhecimento.

Sentimo-nos envolvidas com e pelo Gestar II.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

sábado, 29 de agosto de 2009

Oitava Oficina



À tarde, iniciei o encontro com o Clipe:”Assalto com cultura”. Em seguida retomamos os tópicos teóricos sobre coesão e relações lógicas no texto. O debate girou em torno de que a coesão textual refere-se às relações de sentido que se estabelecem no interior do texto. Enquanto a coerência textual se constrói na relação entre o texto e seu contexto, a coesão se constrói na interrelação entre as partes do texto, fazendo dele um todo significativo. Por isso, a coesão textual é solidária a coerência. Cada um dos elementos que marca essa continuidade é chamado de elo coesivo. Elos são os elementos que vão retomando as ideias para dar continuidade aos sentidos do texto.
Um elo coesivo pode apontar para referentes fora do texto –na situação sociocomunicativa – ou para outros termos já explicitados no texto (envolvendo as classes gramaticais -as mais usadas: preposição, conjunção advérbios- ou deixando subentendido algum elemento). Um texto para produzir sentidos e ser coerente, deve fornecer informações adequadas para que o leitor/ouvinte seja capaz de construir uma representação do mundo textual. As relações lógicas dão pistas sobre como essas informações devem ser organizadas. Reconhecer isso é parte das competências de leitura, de interpretação e de produção de um texto. Embora as relações lógicas sejam operações de raciocínio lógico expressas linguisticamente, a organização lógica de um texto depende também da situação de interação, ou do contexto. Por isso, a escolha de como será feita essa organização corresponde sempre a uma intenção comunicativa que está incorporada ao texto. A língua dispõe de variados recursos para marcar as relações lógicas que constituem a textualidade e funcionam como pistas para a depreensão dos implícitos. As orientações para uma correta interpretação das relações lógicas são parte das relações de coesão e coerência de um texto.

Depois dos debates,encaminhei algumas atividades práticas. A primeira delas foi a construção de uma história maluca, construída coletivamente, com os objetos que foram apresentados na seguinte ordem: menina – grampo de cabelo – porta moedas – desodorante roll-on – brinco – convite de aniversário – creme hidratante – máquina fotográfica – concha – clips – rádio AM, FM e uma bolinha. A história deveria ser construída de forma que ficasse coesa e coerente.


As Aventuras de Aninha.

A menina do vestido verde tinha belas tranças douradas. Carregava consigo uma cesta de flores do campo, que havia colhido.
Para sua surpresa, uma de suas tranças começou a desfazer-se, pois havia perdido o grampo.
Voltando para casa encontrou um porta moedas. Abriu-o e verificou que estava cheio de moedas. Pensou: “Se não aparecer o dono, vou comprar um grampo e um desodorante roll-on de erva doce da Natura”.
Ansiosa para contar o que havia acontecido a sua mãe, saiu correndo e durante o percurso acabou perdendo o seu brinco.
Chegando em casa, a sua mãe esperava apreensiva na porta, com um olhar questionador e algo escondido em suas mãos.
A menina que estava louca para contar o acontecido para a mãe, acaba vencida pela curiosidade e perante a cena pergunta:
- O que tens aí escondido?
Sua mãe mostra o convite para uma festa de aniversário, juntamente com o presente que havia comprado, um creme hidratante para crianças.
O dia da festa chegou. Aninha lembrou-se de levar a câmera digital para registrar os melhores momentos. Como a festa era na beira da praia, deparou-se com belas conchas do mar, as quais foi recolhendo. Colocou-as em sacos plásticos e fechou-os com clips.
A festa estava animadíssima com o rádio sintonizado na Rádio Alto Uruguai FM. Porém, alguns preferiram ir para perto do mar e jogar bola.





Outra atividade feita foi o enlace de idéias (AAA5 pg. 95) e a produção textual do PLAT (AAA5 pg.113). No decorrer das atividades as cursistas já foram vendo as adaptações necessárias e possíveis para que a atividade pudesse ser aplicada com os alunos em sala de aula. No decorrer das apresentações observei que antes de começar a escrever é preciso uma organização: Saiba o que escrever; Para quem escrever e como escrever.

POR QUÊ????
PARA CADA TIPO DE FESTA EXISTE UM TRAJE ADEQUADO;
PARA CADA TIPO DE REUNIÃO EXISTE UM PROTOCOLO ORGANIZADO;
PARA CADA TIPO DE CONHECIMENTO EXISTE UMA ESPECIFICIDADE.
PARA CADA TEXTO UM GÊNERO ADEQUADO.

Em seguida encaminhei o relato do avançando na prática (unidade 19 e 20).
Como nos relatos anteriores as cursistas enfocaram a importância de aplicar essas atividades com os alunos e socializar a prática delas no encontro do Gestar, pois esta troca de experiências é que enriquece o trabalho e todos saem ganhando, alunos e professores. Vale ressaltar que, de acordo com a faladas cursistas, os alunos adoram as atividades do Gestar e ficam esperando pela realização das mesmas e quando acontece um imprevisto ou a professora demora para aplicar uma atividade dos avançando na prática os alunos cobram. Hoje os próprios alunos já estão sugerindo atividades diferentes e quando é possível os professores estão partindo destas sugestões para realizar o trabalho. Exemplo disso foi a cursista Luciane que ao chegar na sala, viu os alunos preparados para fazerem um amigo secreto, aproveitou a sugestão e redirecionou o amigo secreto, fazendo com que na revelação os alunos devessem dizer aas características e o estilo próprio de cada amigo e assim fez um link para introduzir o estudo da estilística. Os alunos, todos, se envolveram com gosto na atividade. Ficou claro também que os alunos conversam entre eles, como disse a cursista Lisete:”Desenvolvi uma atividade do Gestar na turma 51 e na semana seguinte quando cheguei na outra turma os alunos queriam também fazer aquela atividade e disseram que está era mais legal do que aquela que eles haviam feito. Isso mostra que as atividades Propostas pelo Gestar motivam o aluno e fazem com que ele participe, seja sujeito das atividades.
Realizada a troca de experiências dos avançando na prática, encaminhei a atividade de Produção de um texto publicitário, o qual foi socializado com os demais.


Texto1: Lisete, Márcia, e Nair
Sempre estive em suas mãos.
Rolei entre seus dedos.
Muitas vezes me senti sufocada, apertada, molhada de suor.
Me acabei de tanto ser usada.
Agora, jogas-me no lixo! Acabou.
Adeus. Vou sumir de sua vida.
A sua caneta.






Texto 2: Márcia, Isoldi e Simone
Aposente seu marido.
Chegou uma nova e revolucionária máquina que amassa e aquece.
Use-o em outras atividades.
Nova Panificadora Britânia.

Antes de concluirmos o encontro, conversamos um pouco sobre o programa do curso Gestar II e achei por bem fazer uma avaliação destas 40 horas de encontros presenciais e as demais atividades à distância. Para finalizar o encontro olhamos o power point com as expressões idiomáticas.