quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

MEMORIAL DESCRITIVO

Meu nome é Daiana Mara Hartmann, sou natural do município de São Martinho e atualmente resido no município de Humaitá, no qual sou professora da rede Municipal e Estadual de Ensino. Do meu primeiro contato com a escola tenho poucas lembranças, pois mudávamos de residência constantemente. Lembro que lá pelos 5 ou 6 anos, antes de ingressar na escola, morávamos na casa dos meus avós paternos e como meu pai tinha mais 9 irmãos mais novos do que ele e que haviam cursado o ensino médio, havia na casa alguns livros , os quais eu passava horas olhando, folheando e me entretendo com as figuras e inventando histórias para meu irmão menor (Já que não sabia ler). Depois, já alfabetizada, lembro que os professores na entrega de boletins sempre diziam que eu era muito inteligente, mas que deveria ler mais. O meu verdadeiro despertar para a leitura aconteceu quando eu estava na quarta série e novamente nos mudamos, desta vez fomos morar próximo da casa da minha tia (sempre no interior, meio rural) e eu descobri as histórias em quadrinhos, não na escola, que tinha poucas obras literárias, mas sim na casa da minha querida tia, a qual fazia a assinatura de revistas em quadrinhos para meu primo que era dois anos mais novo. Que encanto, e para poder ler eu até me ofereci para ajudar minha tia na limpeza da casa e em troca ela me emprestaria quantas revistas eu quisesse levar para casa para ler, pois não me contentava com uma só. Meus pais não tinham muitos recursos nem oportunidades para comprarem livros para mim ( e para meu irmão), mas isso não foi empecilho, pelo contrário sempre pude contar com o incentivo e apoio total deles, eles sempre diziam:” nós não tivemos a oportunidade de estudar por isso queremos que vocês estudem, pois é o que podemos oferecer à vocês, e depois o conhecimento ninguém irá tirar de vocês”. Sabias palavras! Meu pai sempre gostou de estudar, tanto que cursou a 5ª série duas vezes, pois não tinha como ir estudar na cidade, meu avô não permitiu, ele era o mais velho tinha que ajudar a trabalhar. Sempre vi ele lendo o jornal quando tinha oportunidade. Minha mãe passou a ser leitora mais tarde, quando eu já estava no ensino médio e hoje ela não perde uma oportunidade para ler, o tempinho livre ela aproveita, é maravilhoso ver o encanto dela! Assim, voltando a minha experiência de leitura, depois de ler tanto “gibi” mudamos novamente, mas desta fez para Humaitá (meio urbano). Nesta época eu estava na sexta série. Não tenho lembranças dos professores nos incentivando para ler, lembro que vez ou outra íamos à biblioteca e só. Eu lia, mas acredito que a leitura deste período não foi muito significativa para mim, eu não me encontrei. Bem, na adolescência, li todas as Júlias, Sabrinas e Biancas, novamente emprestadas pelas minhas amigas, já que na biblioteca não tinha estes livros. No final do ensino fundamental eu descobri a biblioteca pública e passei a ser uma frequentadora assídua, acredito que li praticamente todas as obras literárias que lá se encontravam (menos literatura brasileira). Com o tempo, amiga da bibliotecária eu retirava mais de um livro, sempre gostei de ter mais de uma obra para ler, pois assim ao terminar de ler uma tinha a outra para dar início. Até hoje sou assim e tenho verdadeira paixão pela leitura, tanto que a minha dissertação da Pós-Graduação foi nesta área com o tema: “Leitura: construção ou desconstrução de sentidos?”. E é esse gosto, esse encanto, essa paixão pela leitura que procuro passar aos meus alunos, e eles sabem e sentem que esse sentimento é verdadeiro. E assim, após concluir o curso normal, optei por fazer o curso de Letras, em buscar algo que me desse a fundamentação teórica para que eu pudesse fazer algo diferente. E nesse ir e vir já se passaram 21 anos de sala de aula (completo em 2010, 22 anos de magistério) e continuo buscando para fazer a diferença, não consigo me acomodar, pois acredito na educação de qualidade e no fascínio das palavras, no encanto dos livros (da leitura) e na escola como sendo o espaço pedagógico em que se faz educação (se ensina a ler e escrever) com sentimento, visto que o conhecimento transmitido apenas de forma racional não é completo, pois não melhora as preocupações, não nos sensibiliza, não nos espiritualiza e nem nos motiva.