terça-feira, 1 de dezembro de 2009

DÉCIMA SEGUNDA OFICINA.



À noite do dia 23/10/09, retornamos para mais um encontro do gestar II. Iniciei o encontro com o vídeo “Aquarela do Brasil”. A partir do vídeo as cursistas retomaram os conceitos dos gêneros e tipos textuais e aproveitei para introduzir o debate sobre intertextualidade. E assim, retomamos as leituras que as cursistas fizeram sobre o texto e a intertextualidade.


Todas as nossas interações se processam por meio de textos. Texto é toda e qualquer unidade de informação, no contexto da enunciação. Nesse sentido, os textos aparecem nas mais diversas linguagens, classificando-se em verbais e não-verbais. O texto independe de extensão. O texto verbal pode apresentar-se na linguagem oral ou na linguagem escrita. Leitura é o processo de atribuição de significado a qualquer texto, em qualquer linguagem. O ensino-aprendizagem de qualquer língua deve dar-se com o uso de textos, porque é por meio deles que pensamos e interagimos.


O texto deve ser o centro de todas as atividades que envolvem o ouvir, o falar, o ler e o escrever. Da mesma forma, a análise lingüística só pode ser significativa para os alunos, se apoiada em textos que contextualizam cada uso do vocabulário e da morfossintaxe. Será que está bem claro que é o texto que nos faz pensar, divertir, que, enfim, enriquece nossas experiências e nos coloca no centro da vida?


Imagine a seguinte situação: A - Dois bancos abriram uma linha de crédito à qual você se candidatou. Um mês depois, houve um comunicado no jornal de um dos bancos avisando aos candidatos que o crédito tinha sido suspenso. O outro lhe enviou uma carta comunicando a suspensão temporária e pedindo desculpas pela mudança ocorrida.Qual foi sua reação, quer dizer, sua leitura do comportamento do banco, num caso e noutro? O procedimento usado por eles alteraria sua relação com os bancos?
B – Você é mulher e recebe em casa, no seu aniversário, dois arranjos de flores, com cartões. Um está escrito a máquina, o outro está manuscrito e cheio de desenhos (simplesinhos, “sem arte” ). Como você reage aos dois cartões?
No caso dos bancos, se você é cliente milionário(a), o do aviso no jornal pode ter perdido uma conta alta. No caso dos buquês de flores, se você oscilava entre dois amores, o bilhete pode definir a escolha do namorado, ou marido. Isso não é, definitivamente, irrelevante… Isso significa que o locutor, mesmo sem querer, dá indicações de como pretende que seu texto seja lido. Em outras palavras, o locutor sempre tenta estabelecer com seu interlocutor um “pacto de leitura”: de antemão, dá informações do que se pode esperar do texto. O interlocutor, também com maior ou menor clareza, percebe essas “dicas” passadas pelo texto. E o lê ou não, ou o lê de determinado modo, de acordo com seu interesse.

Antes de comentarmos especificamente sobre intertextualidade assistimos o vídeo “O caderno”.
A intertextualidade é a presença, subjacente ao nosso texto, de outras vozes e outros textos, com os quais dialogamos o tempo todo, mesmo sem ter consciência disso. Apesar de ser enfocada sobretudo nas artes e ser um estudo relativamente recente, a intertextualidade sempre esteve presente em todas as interações humanas.

Os processos intertextuais são muito variados e nem sempre fáceis de classificar.
No entanto, pela freqüência e algumas características mais constantes, podemos enumerar como formas mais visíveis de intertextualidade: a paráfrase, a paródia, O pastiche, a citação, a epígrafe, a alusão e a referência.

A originalidade dos processos intertextuais deve-se muito ao ponto de vista , questão das mais importantes em qualquer forma de interação. O ponto de vista é o lugar ou o ângulo de onde cada interlocutor participa do processo de interação. Ele não revela simplesmente as posições do locutor: pode ser usado para criar posições e emoções no interlocutor. Daí a importância de sua análise, quando estamos interpretando e avaliando as situações de comunicação. O trabalho com esses dois assuntos é fundamental, no sentido de tornar nossos olhos e ouvidos mais sensíveis e mais críticos com relação à própria vida.

Depois dividi o grupo e cada qual ficou responsável em estudar e apresentar ao grande grupo os processos intertextuais que envolvem o texto inteiro:
a) paráfrase: acompanha de perto o texto original, como ocorre nos resumos, adaptações e traduções;
b) paródia: inverte ou modifica a narrativa, sua lógica, sua idéia central. Em geral, é crítica;
c) pastiche: procura aproveitar a estrutura, o clima, determinados recursos de uma obra.
2 – Os processos intertextuais pontuais, que retomam um ou alguns elementos do texto:
a)citação: consiste em apresentar um trecho, um dado da obra. O segundo texto procura deixar claro o texto original. No caso do texto verbal, o autor do original é indicado;
b) epígrafe: tem as mesmas características da citação, mas tem localização fixa: aparece sempre como abertura do segundo texto;
c) referência: é a lembrança de passagem ou personagem de outro texto;
d) alusão: é o aproveitamente de um dado de um texto, sem indicações ou explicitações.
Em seguida fizemos mais uma atividade do AAA1- versão professor.

UMA SEMANA E VÁRIOS PONTOS DE VISTA
O texto a seguir faz parte da propaganda da revista Época, e foi criado pela agência
W/Brasil.O publicitário imagina o ponto de vista que vários seres teriam sobre o significadode uma semana.

Para um preso, menos 7 dias
Para um doente, mais 7 dias
Para os felizes, 7 motivos
Para os tristes, 7 remédios
Para os ricos, 7 jantares
Para os pobres, 7 fomes
Para a esperança, 7 novas manhãs
Para a insônia, 7 longas noites
Para os sozinhos, 7 chances
Para os ausentes, 7 culpas
Para um cachorro, 49 dias
Para uma mosca, 7 gerações
Para os empresários, 25% do mês
Para os economistas, 0,019 do ano
Para o pessimista, 7 riscos
Para o otimista, 7 oportunidades
Para a Terra, 7 voltas
Para o pescador, 7 partidas
Para cumprir o prazo, pouco
Para criar o mundo, o suficiente
Para uma gripe, a cura
Para uma rosa, a morte
Para a História, nada
Para a Época, tudo.


- Por que, para o preso, uma semana significaria menos 7 dias?
- E para o doente, por que mais 7 dias?
- Para os sozinhos, haveria 7 chances de quê?
- Que culpa sentiriam os ausentes?
- Por que, para um cachorro, 7 dias se tornariam 49 dias?
- Por que os empresários teriam um ponto de vista matemático?
- Que conta foi feita para ser possível dizer que 1 semana seria 0,019 do ano para os economistas?
- Por que se afirma que 1 semana foi suficiente para criar o mundo?
- Por que, para uma gripe, 1 semana significa a cura e, para uma rosa, a morte?
- Por que 1 semana não significa nada para a História?
Qual é o seu ponto de vista?
E para você, o que significa uma semana? Pense no assunto e escreva esse texto. Você pode apresentar um só ponto de vista, ou vários, em forma de lista.

CURIOSIDADE: O texto afirma que, para uma mosca, são sete gerações porque determinadas espécies desse inseto nascem, tornam-se adultas, reproduzem-se e morrem em apenas um dia. Em uma semana, nascem 7 gerações.

Novamente encaminhei os relatos dos avançando na prática – unidades 3 e 4 do TP1 . Após encaminhei a atividade parte III, p. 172 sobre o texto: “a língua” ( Elaborar uma proposta de leitura e de produção textual). Ao término do trabalho, as cursistas socializaram, fiz os encaminhamentos para o próximo encontro, a avaliação do encontro e assistimos o vídeo “Tudo passa” como mensagem final.