domingo, 25 de outubro de 2009

DÉCIMA OFICINA



À tarde (14/10/09), animadas e motivadas, continuamos a “gestar”. Como já estávamos todas “aquecidas”, iniciei o encontro com a história (em PowerPoint) do “catador de pensamentos”. Continuando o encontro retomei e encaminhei o debate sobre as questões teóricas pertinentes ao processo de produção textual: revisão e edição e a literatura para os adolescentes. Sabemos que, produzir textos escritos é um ato complexo, pois envolve o desenvolvimento da capacidade de coordenar e integrar operações de vários níveis e conhecimentos diversos: linguísticos, cognitivos e sociais. O escritor se depara com a necessidade de gerar e selecionar e organizar linguísticamente idéias e conteúdos. O planejamento textual, deve levar em conta, na elaboração do texto, o destinatário e o objetivo (macroplanejamento) e a “organização que deve levar ao texto na sua forma final (microplanejamento). A revisão dos textos (ou releitura) durante a produção ou depois do texto terminado, é “Um tal processo que parece exigir de parte do autor uma capacidade de se distanciar em relação aos seus escritos”.


Para melhor produzir um texto, pode-se observar algumas etapas a serem seguidas.Essas etapas não são obrigatórias nem, necessariamente, sequenciais e lineares, mas dependem das circunstâncias dos objetivos e da audiência:Geração de idéias; Consulta; Seleção e decisão; Rascunho; Revisão; Edição final.


Algumas recomendações interessantes ao produzir um texto: Numa produção textual o escritor experiente pensa antes de escrever e durante o ato de escrever. Uma forma do professor ensinar este “pensar enquanto escreve” é mediante seu exemplo. Produzir texto é agir lingüisticamente (selecionar o que vai ser dito, ativando os conhecimentos prévios ou pesquisando em outras fontes; organizar os conteúdos numa seqüência; selecionar vocabulário, sentenças...Conhecer o gênero textual a ser escrito (forma e função). Estimular a escrita espontânea e refletir sobre a língua (permitir que os alunos escrevam exatamente do jeito que sabem, dando alguma ajuda quando necessário e num momento posterior refletir sobre o escrito).


Em síntese, LER se aprende LENDO E ESCREVER se aprende ESCREVENDO. Assim, é necessário que o aprendiz se torne leitor e escritor mesmo antes de poder executar essas tarefas com independência.


Para ilustrar a teoria trabalhamos as atividades: ”Avaliação, revisão e reescrita” p.80 e “como preparar um texto para edição” P. 88. Em seguida fizemos alguns apontamentos sobre a literatura para adolescentes, visto que, a literatura é uma possibilidade especial do desenvolvimento, da interpretação, que vai além do conhecimento de dados, da simples informação. Como toda arte, ela informa, mas pode fazer muito mais, e, em geral, faz: procurando na expressão do outro a palavra que desvende o mundo, o leitor procura desvendar a si mesmo e, procurando entender-se, caminha na compreensão do outro. Mais do que qualquer forma de conhecimento, a arte (e em especial a literatura) desvenda verdades sobre a condição humana. Segundo um de nossos maiores poetas, José Paulo Paes, a arte, a ficção, amplia a nossa humanidade.


Em seguida para descontrair um pouco acompanhamos o PowerPoint com a música: Eu não sei parar de te olhar de Ana Carolina. A reflexão girou em torno do olhar que temos que ter pelo nosso aluno. Depois, dividi o grupo em duplas e cada dupla escolheu uma atividade do AAA6 para estudar e apresentar aos colegas, enriquecendo e possibilitando outras idéias a serem aplicadas em sala de aula (O que lemos – p.101. Ler para conhecer e reconhecer diferentes textos literários – p.105. Ler para gostar – p.122 e investigando o texto – p.125).


Concluída a apresentações dessa atividades, socializamos os avançando na prática, os quais são sempre um subsídio maior que incrementam a prática de sala de aula, o fazer pedagógico do professor. Em seguida, fomos fazer uma visita a biblioteca da escola para selecionar algumas obras literárias, de 5ª a 8ª serie, e assim poder fazer a atividade do TP6 p. 222 (Preparar a apresentação de algumas obras para a turma a fim de motivá-las a leitura). Nosso passeio à biblioteca foi maravilhoso, sentimo-nos em casa, “donas do pedaço”. Dividimo-nos em trios para fazer a atividade, confiram:














Cursistas:Rosane, Soni e Simone.
Obra escolhida: “O Fantástico Mistério de Feiurinha” de Pedro Bandeira.
Motivação:1) Conversar com a turma a respeito dos contos maravilhosos que eles conhecem. 2) Chamar a atenção para a estrutura dos contos: Como são as personagens, como as histórias costumam terminar; Fazer o questionamento: Que tal ler uma história que promove o encontro de várias personagens dos contos maravilhosos? Vocês sabem o que acontece depois de “viveram felizes para sempre”? Vamos ver o que nos conta a obra de Pedro Bandeira “O fantástico mistério de Feiurinha”.

Cursistas: Luciane, Márcia H. e Isoldi.
Obra escolhida: “ Um Botão Negro, Outro Branco” de Beto Bevilácqua.
Motivação: 1) Apresentar o título do livro para os alunos e pedir que façam inferências a respeito do mesmo. 2) Apresentar a capa do livro e questionar se o conceito ou as idéias que tinham levantado anteriormente se mantém ou mudaram. 3)Tendo em vista as análises anteriores, questionar sobre qual será o principal conflito da narrativa (Deixar os alunos apresentarem suas hipóteses). 4)Apresentar rapidamente o assunto que será tratado no livro, eu é o problema do preconceito racial presente na sociedade brasileira, tendo como pano de fundo a escola e o namoro incompreendido e hostilizado de uma menina branca (Maria) com um menino negro (João Pedro).


Cursistas:Márcia T., Lisete e Nair.
Obra escolhida: “Tarzan Minhoca” de Jéferson Assunção.
Motivação: 1) Fazer a dinâmica “Quem sou”. 2) Montar um painel com as características da vida de cada aluno, e que muitas vezes não são aceitas pelo grupo. 3) Leitura do início da obra, salientando aos alunos que a personagem da história, também tem suas características próprias, que o deixam com a autoestima baixa. 4) Leitura do restante da obra pelos alunos. 5) Em grupo relacionar o tema da obra com a realidade que os alunos enfrentam no seu cotidiano. 6) Salientar a importância da valorização dos aspectos físicos e psicológicos de cada um, pois nem sempre o físico é fundamental, precisa-se também do psicológico.


Para finalizar o encontro, encaminhei as atividades à distância e lemos a mensagem “Deficiências” de Mário Quintana.





NONA OFICINA















A cada novo encontro do Gestar II, a nossa nova família, espera ansiosa para compartilhar os momentos de alegria, de dúvidas, de angústias de certezas e de novas experiências. Ah, como é bom viver, sonhar, amar, crescer e compartilhar... No dia 14/10/09, aconteceu a nona oficina do Gestar II no Instituto Estadual de Educação Maria Cristina.Pela manhã, após saudar a todas, iniciei o encontro com um texto do Pablo Neruda em PowerPoint:

“Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo. Morre lentamente quem destrói seu amor próprio, quem não se deixa ajudar. Morre lentamente quem se transforma em escravo do hábito repetindo todos os dias os mesmos trajetos, quem não muda de marca, não se arrisca a vestir uma nova cor ou não conversa com quem não conhece. Morre lentamente quem evita uma paixão e seu redemoinho de emoções, justamente os que resgatam o brilho dos olhos e os corações aos tropeços. Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz com o seu trabalho, ou amor, quem não arrisca o certo pelo incerto para ir atrás de um sonho, quem não se permite, pelo menos uma vez na vida fugir dos conselhos sensatos... Viva hoje! Arrisque hoje! Faça hoje! Não deixe de morrer lentamente! Não se esqueça de SER FELIZ!”

Feita a reflexão e os devidos comentários, encaminhei a dinâmica do complemento, sendo e no final as duplas deveriam produzir um pequeno texto no gênero que achassem melhor, socializando os mesmos em seguida. Vejam as produções:

Soní e Rosane
Classificados poéticos
Troca-se óculos sem lentes, com armação em excelente estado, por um par de lentes que permita ver as coisas belas davida. Preciso com urgência que essa troca se realize antes que o tempo passe e eu seja absorvida pela feiúra que nos cerca. Interessados. Entrar em contato pelo telefone 99072156, ou na rua da miopia, sem número.
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Isoldi e Márcia H.

Eu sou uma cabeça sem pescoço
Eu sou o pescoço da sua cabeça.
Eu sou uma camisa sem botão
Eu sou o botão de suacamisa.

Toda cabeça
E todo pescoço
Merecem uma camisa com botão.

Use a camisa da POOL!
A camisa que vai entrar na sua cabeça!

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Luciane e Márcia T.
Eu sou o sapato do seu pé...

Eu te levarei por
lugares incríveis...
Serei seu companheiro
De todas as horas...

Comigo você sempre
Estará seguro...

Comigo você sempre estará na MODA.
Sapatos LUMA.
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Nair, Lisete e Simone
Mala sem alça

Mala sem alça
Alça sem mala.
Você é uma mala
Você não tem alça.
Mala sem alça
Mala difícil de carregar.
Você é uma mala
Mala sem alça.
Mala que não me acompanha
Que fica para trás.
Mala sem alça
Não quero para mim.

Depois de boas gargalhadas, encaminhei o resgate e debate sobre a teoria a ser vista nas unidades 21 (argumentação e linguagem) e 22 (produção textual: planejamento e escrita). Iniciamos com a seguinte frase: “Toda linguagem é ideológica porque, ao refletir a realidade, ela necessariamente a refrata”. Santaella (1996) Atrás de todo ato comunicativo há persuasão. Comentamos também que nossa própria existência de seres humanos é moldada pela nossa capacidade de agir pela linguagem, pois distinguimo-nos de outras espécies animais porque somos capazes de nos constituir humanos pelo exercício da faculdade da linguagem. Assim, cada cultura organiza historicamente seus códigos de comunicação, seja na formação de seu vocabulário e estruturação sintática e semântica, seja na adequação dos textos às situações sóciocomunicativas. È pela linguagem que organizamos o saber, a vida. Pela linguagem agimos sobre nossos pares e sobre o mundo. Por isso, todos os seres humanos são, ao mesmo tempo, origem e produto da linguagem, origem e produto da história que nos leva a construir formas de comunicação e de atuação específicas. Visto nessa perspectiva, todo uso da linguagem é argumentativo, pois estabelece uma interação com o outro, uma relação de fazer social. E toda linguagem é, assim, um processo sempre em movimento.
Depois retomamos a atividade da página 17 do TP6 para analisar a importância da linguagem verbal e não-verbal na construção da argumentação. Outra atividade que fizemos foi da organização e defesa de idéias do AAA6 página 17. O debate foi interessante, pois percebemos que o contexto é fundamental para a construção do significado e da argumentação, e é preciso fazer com que os alunos se deem conta disso na hora que forem produzir os seus textos. Trabalhamos também o texto “ Os parentes” do TP6 (p.44) “As diferentes pistas do texto” do AAA6 (p.33). Em seguida para relaxar um pouco ouvimos, cantamos e olhamos um PowerPoint com a música: “ Deus e eu no sertão” de Vitor e Leo.
Continuando os nossos trabalhos, falamos sobre a produção textual: planejamento e escrita e ficou claro que um bom planejamento possibilita o desenvolvimento e o aprendizado do aluno em direção à sua autonomia. Portanto, quando modelamos ou mesmo damos exemplos para o aluno a partir de nossa experiência pessoal, esperamos que isto sirva de alavanca para a sua criatividade, oferecendo alternativas às estratégias que já conhece. Em seguida lemos o texto “A primeira cartilha” de Moacyr Scliar, e feitas as devidas observações e comentários encaminhei uma atividade de produção textual para as cursistas, na qual elas poderiam escolher entre as alternativas: 1) Escreva sobre uma experiência engraçada da sua vida de estudante.2) Escreva um texto sobre a sua história como educador(a), como surgiu a motivação,como se sentiu e argumentou, justificando as suas escolhas. O momento de produção foi normal, mas na hora de compartilhar as leituras, o clima foi mágico e único. Foi realmente uma reflexão e um resgate de histórias vividas e marcantes para todas elas. A experiência da vida de estudante que era para ser engraçada, por incrível que pareça, de tão trágicas que foram, acabaram despertando o maior riso... Virou uma tragicomédia. Outro item que chamou a atenção foi que todas queriam compartilhar o seu texto, e as cursistas comentaram que o mesmo acontece com os alunos em sala de aula quando da aplicação e socialização das atividades dos avançando na prática. Comentaram também que quando a produção é significativa para os alunos fica mais fácil escrever. Bem, o Gestar ao proporcionar essa troca de experiências entre professores e alunos, professores e escola já está garantindo seu sucesso. Acompanhem a seguir a riqueza de vivências das cursistas em suas produções (realmente é uma pena que aqui não é possível registrar todos os comentários que acompanharam todos os textos, dos sentimentos, das reações, das superações das dificuldades vividas. E muitas vezes, ao encaminharmos uma produção textual com nossos alunos não conhecemos sua real história de vida, seus medos, conflitos, traumas. Isso quando ,de forma inconsciente, não desencadeamos outros medos, outros traumas nos alunos, os quais eles poderão carregar por muito tempo... Pois bem, no momento que nos damos conta disso e conhecermos realmente os nossos alunos tudo poderá ser diferente):

Cursista Soní.
Crime e Castigo.


Lembro-me, como se fosse hoje, do meu desejo de ler, por conta própria, as histórias que me eram narradas, diariamente, por minha mãe. Eu ambicionava tanto possuir tal habilidade e dava a ela tamanha importância, que costumava mentir, para as crianças menores, que já a possuía. Assim, recontava as histórias ouvidas, como se as tivesse lendo.
Quando entrei para a escola, aos seis anos, não tardou para que isso ocorresse, bem antes, inclusive, do que a maior parte da turma. Contudo, não fui exatamente “premiada” pelo que, para mim, era um grande feito. A professora irritava-se com o fato de que, ao solicitar que a turma lesse em voz alta as palavras no quadro, apenas eu o fizesse, ou o fizesse antes dos outros ou no lugar do colega que foi requerido. A saída encontrada por minha adorável professora foi tirar-me da sala todas às vezes, me mandando para o banheiro.
Até hoje me questiono: por que o banheiro? Já que ia me tirar da sala, não podia me mandar para a biblioteca ou o parquinho da escola? O banheiro tornou-se para mim, uma punição por ter lido antes de meus colegas. Fiquei sem entender a professora, deixei de ler em voz alta durante aquele ano e, felizmente, no ano seguinte, a professora não me tirava da sala e ainda me deixava ler para os colegas os livrinhos que levava de casa.
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Cursista Lisete.
Um Peso na Consciência.

Minha primeira visita a uma biblioteca pode-se dizer que foi “traumática”. Nunca havia entrado em um espaço físico com tantas prateleiras e tantos livros expostos nelas. Neste dia, que não recordo o ano nem minha idade específica, talvez estivesse na 2ª série, acompanhei minha amiga Kelly até a Biblioteca Pública. Até então não sabia o que era uma biblioteca, pois na escola também não líamos nem retirávamos livros com a professora.
Kelly e eu observamos os livros e escolhemos, cada uma um, para levar. Lembro-me que se tratava de uma história indígena, com texto e figuras. Se minha amiga registrou o seu livro com a bibliotecária e depois de alguns dias o devolveu, eu não sei. Mas eu, que desconhecia tais regras, levei o livro para casa sem registrar. Li, guardei, reli, guardei. E agora, o que fazer com ele? Soube através de amigas, Kelly talvez, que devemos registrar os livras com a bibliotecária e devolvê-los depois de alguns dias. E agora? Apavorei-me. Fiquei desesperada! Não contaria para ninguém nem para meus pais, para não ser repreendida e levar uma surra.
O livro estava escondidinho, mas estava ali, pesando na minha consciência. Até que encontrei uma solução para o meu problema: “Queimei o livro”. E assim, na minha inocência, acabei com a minha preocupação e com o peso na minha consciência.
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Cursista Rosane
Eu na Quarta Série.

Certo dia, nas aulas de ciências, quando estudava na quarta série, numa escolinha multisseriada ( que tem alunos da 1ª a 4ª série na mesma sala) do interior de São Martinho com uma única professora, estávamos estudando sobre vermes e lombrigas.
Eis que uma semana depois, tivemos uma prova sobre estes conteúdos. E lá estava a “maldita” questão. A resposta para esta questão era solitária, mas eu como sou de origem alemã sabia a resposta somente em alemão, não lembrava de jeito nenhum como era essa palavra em português. A nossa professora também era de origem alemã e, portanto, sabia falar em alemão. Chamei-a para a minha classe e falei do meu dilema, de saber a resposta só em alemão, até disse para ela como era a resposta, mas ela não aceitou, dando como errada a questão, mesmo sabendo que o meu erro não era por não ter o conhecimento e sim por não dominar ainda a Língua Portuguesa. Fiquei muito sentida e chateada e a partir desse dia não fui mais a mesma aluna. O bloqueio foi tanto que até reprovei naquele ano.
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Cursista Márcia Thalheimer
Um Dia Especial.

Com apenas cinco anos de idade, o meu maior desejo era acompanhar a minha irmã e freqüentar a escola.
Com esse objetivo, certa manhã, quando estava sozinha em casa, resolvi tomar banho, trocar de roupa e ir para a escola. Coloquei muita água no feijão para que não queimasse e fui para a escola. Fiz tudo isso escondido dos meus pais.
Quando cheguei na escola, foi grande a surpresa da professora Dulce e da minha irmã. Porém, a professora não hesitou. Convidou-me para entrar e gentilmente ofereceu-me um desenho para pintar.
Meu coração batia diferente, tamanha a alegria em poder fazer parte do meio escolar.
Porém, tudo que é bom dura pouco. Quando avistei meu pai que vinha chegando na escola, logo pensei que tudo isso iria terminar naquele instante mesmo.
A professora Dulce, que sempre foi muito carinhosa, conversou com o meu pai. Eu ansiosa, esperava o final e as conseqüências dos meus atos.
Quando me chamaram para conversar, fui pensando no pior. Entretanto, tive uma surpresa. A partir daquele dia, mesmo não tendo sete anos, pude começar a freqüentar a escola, graças a professora Dulce que também foi o estímulo para a minha escolha profissional: ser professora.
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Cursista Simone
A Cartolina.

Um certo dia a professora Marlene Frizzo pediu para que nós trouxéssemos, na aula seguinte, uma cartolina. Cheguei em casa e mostrei o recado para minha mãe. Ela leu e releu o bilhete, após disse-me que não sabia o que era cartolina. Então ela pegou um papel de presente, enrolou-o e disse para eu levar aquele. Alegre e feliz fui para a aula, quando a professora pediu da cartolina, os meus colegas foram mostrando o que haviam trazido e aí eu percebi que o que eu havia levado não era cartolina, apenas um papel simples.
A professora percebendo isso, disse que quem não havia trazido, poderia pedir um pedaço emprestado de algum colega.
E assim, fizemos um trabalho maravilhoso para o Dia das Mães.
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Cursista Nair
O Início da Vida Escolar.

Quando comecei minha vida escolar, que era meu maior sonho, eu tinha 6 anos de idade, minha mãe durante uma semana me acompanhou até a escola, a fim de familiarizar-me com o ambiente, colegas, e professora. E também para que perdesse o medo de ficar sozinha, longe dela.
Na semana seguinte uma colega de mais idade e nossa vizinha se prontificou em levar-me a escola, pois também estudava no mesmo turno.
Comecei a gostar de ir no colégio e dificilmente perdia uma Aula. Adorava pintar, desenhar , escrever, ler e brincar com os colegas.
Lembro-me que durante o recreio brincávamos muito de casinha, escolinha, esconde-esconde, mas um fato que me marcou bastante foi quando íamos embaixo da escola, pois o porão era alto e procurávamos tatuzinhos, ou seja, soprávamos nos buraquinhos até que eles apareciam e cada colega queria achar mais que o outro.
Também, no final da aula eu subia e descia os barrancos e valetas da estrada, onde ficava brincando com os colegas, sem ver o tempo passar e chegava em casa suja e cansada.
Certo dia após a aula, estava brincando e cai. Me machuquei muito, fui para casa chorando e minha mãe ficou assustada vendo minha aparência e a partir daquele dia deu-me um ultimato, que se nos outros dias eu não voltasse logo para casa após o término da aula, ela iria me buscar com uma vara e iria me surrar.
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Cursista Isoldi
Meus Primeiros Dias Como Educadora.

No ano de 1982 eu estava em casa quando chegou meu irmão, que era professor e me disse: “Você vai lecionar”. Fiquei emocionada e foi então que meu pai me levou até a escola onde iria começar o meu trabalho, era no interior. Lugar este que eu não conhecia, nem mesmo os moradores.
De início foi difícil, pois tive que morar lá e trabalhar com alunos de 1ª a 4ª série juntas numa única sala. Eu não tinha magistério e nenhuma experiência, me baseava de como minha professora de primário fazia e também pedi ajuda para meu irmão e minha cunhada que eram professores e tinham o magistério. Aos poucos fui descobrindo como fazer um plano de aula. Mais tarde (dois ou três meses), fui transferida de escola, que alívio, ficava mais perto e nesta escola tinha outros professores. Nesta escola deram-me uma primeira série, até hoje não sei como alfabetizei aqueles alunos. Anos mais tarde (bem mais tarde) encontrei uma ex-aluna “daquela escolinha” e ela me disse que fui sua professora de 1ª série. Logo perguntei: ”E você aprendeu a ler?” Percebi que com esforço e boa vontade a gente consegue tudo o que quer.
Mais tarde, já fazendo faculdade, trabalhei Português e Matemática nesta escola com alunos de 5ª e 6ª séries. Nesta mesma época fui diretora e as coisas melhoraram.
Enfim, estou até hoje trabalhando já passei por muitas escolas.
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Cursista Márcia Hanauer
Como Escolhi Ser Professora.

Quando tinha dez anos de idade, lembro-me, como se fosse hoje, meu pai me puxou para o canto da casa de uns amigos nossos em Porto Alegre para me dizer que eu iria ser professora.
No momento fiquei assustada, pois como disse antes, tinha dez anos e não pensava, ainda, seriamente no que iria fazer quando fosse maior.Como todo aluno pensava em ser professor, mas todos diziam que era devido a influência da professora, em sala de aula, pois gostavam muito dela.
Daquele momento em diante, minha vida tomou outro rumo, deveria ser professora, segundo meu pai. Pois logo que terminasse o magistério trabalharia, teria renda e poderia, depois estudar o que quisesse.
Fomos, nessa época morar no MS, comecei a aceitar o destino. Voltamos quando iria cursar a 8ª série, pois o ensino de lá não era muito “forte”.
Quando comecei a cursar o magistério no Sul, gostei, me empenhei, tirei notas boas, mas o estágio foi minha decepção, quis desistir duas vezes, por sorte a coordenadora da 3ª série não deixou.
Segui também, pois não sou de desistir, se não quero, jé não opto. Terminei o estágio e procurei outros caminhos. Mas, o destino quis que eu seguisse o desejo de meu pai.
Chegando em Humaitá, precisavam de professora de Língua Portuguesa (pois eu cursava Letras para ser tradutora e não professora), e continuo até hoje, tenho nomeação no município de 40 horas e sou feliz e realizada no que faço.
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Depois de toda riqueza textual apresentada pelas cursistas, observamos mais algumas atividades do AAA6, as quais poderão ser desenvolvidas com os alunos em sala de aula: ”Estratégias e dicas para seu texto” p. 56 e “Construa as suas próprias estratégias” p. 59. Feita a observação, encaminhei a apresentação dos relatos dos avançando na prática, atividade esta que é sempre esperada pelas cursistas, devido a troca de experiências. Logo após encaminhei a atividade prática do TP6 (p. 219), na qual as cursistas deveriam continuar o texto “Espírito Carnavalesco”, fazer as anotações do planejamento para escrevê-lo, socializar e fazer um planejamento sobre a utilização desse texto em sala de aula com os alunos. A seguir os finais e algumas atividades


Cursistas Rosane, Soní e Simone
a) Continuação do texto.
- Mas criatura, é época de carnaval e nem é tão tarde assim!
Dito isto, vira-se para o lado e, antes que a esposa pudesse argumentar, já estava dormindo novamente. Ela, indignada e vendo que não havia alternativa, dispõe-se a resolver sozinha o problema. Veste, então, um agasalho e desce a escada rapidamente, rumo ao impertinente e constante barulho.
Chegando lá, é surpreendida por um grupo de pessoas maior e ainda mais animado do que supunha. Antes que pudesse falar qualquer coisa viu-se envolvida por um trenzinho de foliões, mais especificamente entre a colombina e o zorro. Este, a segurava firmemente pela cintura, o que a deixava nervosa e, num certo sentido, fora de si.
Em poucos minutos, estava completamente envolvida pela alegria e descontração do ambiente. Tanto que, apenas aos primeiros raios de sol, lembrou-se de retornar ao apartamento, onde o marido dormia, tranquilamente ignorante do fato de que sua esposa acabou envolvida pelo espírito carnavalesco.

b) Planejamento – como trabalhar o texto em sala de aula.
Criação de um desfecho para a narrativa, em duplas.
Leitura dos textos para a turma.
Dramatização dos textos, incluindo o desfecho criado pelas duplas.
Trabalho com o tipo de discurso.
Extrapolação: Realizar um paralelo entre o carnaval antigamente e nos tempos atuais (costumes, músicas, fantasias...)
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Cursistas: Isoldi e Márcia H.
a) Continuação do texto.
Ouvindo isto, ele foi até a quadra do ensaio. Caminhou 15 minutos e chegando lá, viu todos dançando, cantando alegremente. Segui seu objetivo, com dor no coração, encerrar o ensaio.
Procurou um microfone, foi logo perguntando quem era o responsável pelo ensaio, cada pesssoa indicava outra. Foi passando o tempo e quando encontrou o responsável o ensaio terminou.
Chegando em casa sua esposa estava feliz, pois seu marido havia acabado com o ensaio.

b) Planejamento – como trabalhar o texto em sala de aula.
Antes de entregar o texto, formar grupos de três componentes para que haja mais discussão e opiniões. Seguindo, deverão ler o texto e produzir o final, como sugestão transformá-lo num texto humorístico. Após cada grupo apresenta o mesmo, na integra, da forma que achar melhor, dramatizando, desenhando ou simplesmente lendo.

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Cursistas: Márcia T., Lisete, Nair e Luciane.
a) Continuação do texto.
- Mas será que eles vão aceitar meus argumentos?
- Não sei, mas alguma atitude precisamos tomar.
Então ele dirigiu-se ao pavilhão para conversar com o presidente da escola.
Porém, ao chegar lá e assistir o ensaio, ficou empolgado com a animação dos componentes, sendo que os mesmos o convidaram para participar e fazer parte do bloco.
A princípio ficou em dúvida, mas aos poucos foi se envolvendo e sem perceber já estava contagiado pelo espírito carnavalesco.
Enquanto isso, a esposa caminhava de um lado para outro em casa, tapando os ouvidos e aguardando o retorno do marido, com a questão solucionada. A impaciência era tanta, que decidiu ir ver o que estava acontecendo. Para sua surpresa, avistou o marido entre os integrantes da escola. Ao avistá-la, o marido, pega ela pela mão arrastando-a para a folia.

b) Planejamento – como trabalhar o texto em sala de aula.
Distribuir uma cópia do texto para os alunos.
Leitura silenciosa do texto.
Em grupo, tecer comentários sobre o texto e refletir sobre a temática abordada.
Produzir um final para o texto.
Desafiar os alunos a confeccionarem uma máscara carnavalesca.
Socialização do final.
Estimular os alunos a pesquisarem músicas carnavalescas e coreografias.
Apresentação das coreografias escolhidas pelos grupos ao som de músicas carnavalescas.

Com a socialização da atividade concluímos as atividades desta oficina, e fomos para um delicioso almoço, pois à tarde teríamos mais Gestar.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Formação em Porto Alegre - 2ª etapa



Ansiedade, expectativa, saudade, curiosidade e a necessidade de buscar novos conhecimentos, novas orientações e troca de experiências, foram os sentimentos que nos moveram e motivaram no segundo encontro do Gestar II em Porto Alegre de 28/09 a 02/10/09.

A alegria do reencontro realmente é indescritível... rever os amigos foi uma grande emoção... A família do profe Mau estava novamente reunida para compartilhar idéias, sentimentos, risos, desafios, experiências, angústias... E o nosso mestre Mau sempre presente para nos orientar e fazer um link com o que estava sendo exposto. Maravilhoso. Sem esquecer do nosso sempre prestativo “Bill Gates, nosso colega Casiano.

Como sempre, passamos a semana correndo contra o tempo, era tanta coisa para ver, estudar conversar, que realmente faltou tempo,ou seja, o tempo passou rápido demais.
Depois dessa semana de estudo estamos de volta a nossos municípios para trabalhar as outras 40 horas com nossas professoras cursistas. E apesar de muito trabalho, estudo e leitura temos ainda que correr novamente contra o tempo, mas nada que não possa ser superado com boa vontade e dedicação.
Alguns momentos do reencontro do Gestar II em Porto Alegre.